Rússia: situação na Ucrânia é o que motiva sanções econômicas (Sergey Venyavksy/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2014 às 10h20.
São Paulo - A Rússia alertou neste sábado que reagirá se a União Europeia impuser novas sanções econômicas em função da situação na Ucrânia.
"Se forem efetivas as sanções da nova lista da União Europeia, haverá sem dúvida uma reação de nossa parte", afirmou a chancelaria russa em um comunicado.
Os embaixadores dos 28 países-membros da União Europeia (UE) aprovaram na noite de sexta-feira, em Bruxelas, novas sanções econômicas contra a Rússia por atentar contra a soberania da Ucrânia, apesar de um acordo de cessar-fogo firmado entre as forças ucranianas e rebeldes pró-russos.
"Este novo pacote de medidas restritivas foi aprovado agora" pelo Comitê de Representantes permanentes dos Estados-membros da UE - informaram os presidentes da Comissão Europeia e da UE, José Manuel Durão Barroso e Herman Van Rompuy, respectivamente, em uma carta aos chefes de Estado e de Governo do bloco.
O texto do acordo será concluído neste fim de semana, e um procedimento escrito de adoção do documento por parte dos Estados-membros será lançado na segunda-feira, 8 de setembro, acrescenta a carta.
"Isso dará à União Europeia uma ferramenta eficaz, que deve nos permitir dar uma resposta em pouco tempo", justificaram as duas principais autoridades da UE.
Segundo Durão Barroso e Van Rompuy, "isso aumentará a eficácia das medidas já estabelecidas e reforçará o princípio de que as sanções da UE têm como objetivo promover uma mudança de atitude da Rússia na Ucrânia".
O pacote inclui medidas reforçadas, relacionadas ao acesso aos mercados de capitais, defesa, aos bens de uso dual - civil e militar - e às tecnologias sensíveis. Além disso, foram acrescentados nomes à lista de sanções dirigidas, que preveem o congelamento de bens e a proibição de concessão de vistos.
Essa lista inclui "o novo poder em (a região do) Donbass, o governo da Crimeia, assim como os tomadores de decisão e os oligarcas russos", acrescentaram Barroso e Van Rompuy, sem dar mais detalhes.
Mais de 100 autoridades russas e ucranianas e cerca de 20 entidades estão na lista de sanções seletivas. Entre elas, encontram-se o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozin, e os chefes dos Serviços de Inteligência russos.
Em 30 de agosto, o Conselho Europeu já havia encarregado as autoridades da UE de reforçar as medidas contra Moscou, depois das informações sobre a participação direta de tropas russas no combates no leste da Ucrânia.
Após sua adoção formal na próxima segunda, essa série de medidas será publicada no Diário Oficial da UE, permitindo sua entrada em vigor. De acordo com uma fonte diplomática, isso deve acontecer na terça-feira.
"Isso prova que os governos da UE estão dispostos a fazer o que for necessário para mostrar à Rússia as consequências de suas ações", avaliou outra fonte diplomática consultada pela AFP.
A porta-voz de Catherine Ashton, responsável pela diplomacia do bloco, destacou que a UE "saúda o acordo de cessar-fogo concluído em Minsk" - capital de Belarus - entre Kiev e os rebeldes pró-russos.
O acordo "deve ser respeitado e aplicado completamente por todas as partes", insistiu a porta-voz, manifestando sua esperança de que se trate de uma "primeira etapa para uma solução política duradoura, baseada no respeito da soberania e da integridade territorial da Ucrânia".
O texto inclui ainda um capítulo sobre a retirada de tropas e troca de prisioneiros.
Na cúpula da Otan, em Gales, na sexta, o presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, avaliaram que é melhor "impor sanções, mesmo que sejam suspensas depois".
Obama prepara suas próprias sanções em coordenação com a UE.