Rússia e Ucrânia: o país também acusou a Ucrânia de acobertar a gravidade de seu conflito civil (Bloomberg/Bloomberg)
EFE
Publicado em 7 de março de 2017 às 14h17.
Haia - A Rússia acusou nesta terça-feira a força aérea ucraniana na Corte Internacional de Justiça (CIJ) de "bombardear edifícios civis e hospitais" no leste do país, em resposta à acusação da Ucrânia, que levou Moscou a esse tribunal por supostamente financiar e fornecer armas a grupos pró-Rússia.
"A maioria de baixas civis são responsabilidade das forças armadas ucranianas", declarou aos juízes o diretor do departamento de novos desafios e ameaças do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ilya Rogachev.
Moscou também acusou Kiev de acobertar a gravidade de seu conflito civil usando o rótulo de "terroristas" para se referir aos grupos armados organizados no leste do país.
O diretor do departamento legal do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Roman Kolodkin, acrescentou que o caso "está além da jurisdição da corte" e acusou a Ucrânia de usar o alto tribunal da ONU para "estigmatizar a população que se organizou" contra o governo central.
Kolodkin definiu como "golpe de Estado" a derrocada de Viktor Yanukovich em fevereiro de 2014, que "fugiu (à Rússia) porque temia por sua vida", e vinculou essa mudança de governo à discussão política daqueles anos, nos quais a Ucrânia tinha que decidir pela aproximação com Moscou ou se assinaria um acordo de associação com a UE.
O representante da Rússia se referiu à anexação da Crimeia, denunciada também pela Ucrânia à CIJ, e a justificou pelo fato de "forças ultradireitistas ucranianas terem ameaçado ir à península" enquanto "a grande maioria de sua população queria voltar à Rússia".
"A Crimeia pertenceu à Rússia durante mais de 170 anos até 1954, quando foi dada à Ucrânia, mas sua população não foi consultada. Também não foi consultada em 1991, quando Kiev decidiu pela independência", disse Kolodkin para respaldar o referendo realizado em março de 2014, no qual a população votou para que a península voltasse a ser parte da Rússia.
A Ucrânia levou a Rússia à CIJ por, supostamente, violar dois acordos internacionais: a Convenção pela Supressão do Financiamento do Terrorismo, assinada em 1999, e o Convenção Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965.
Kiev também acusa a Rússia de ser responsável pela derrubada do avião da Malaysia Airlines MH17 que aconteceu no leste do país em julho de 2014, quando morreram 298 pessoas, e reivindica que os juízes estabeleçam medidas provisórias contra Moscou.