Militante pró-Rússia brinca com criança na Ucrânia: "é a volta do sistema criado em 1949", disse Serguei Riabkov, vice-ministro russo das Relações Exteriores (Vasily Maximov/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 10h46.
Moscou - A Rússia acusou nesta terça-feira os países ocidentais, que anunciaram novas sanções contra Moscou, de ressuscitar a política da "Cortina de Ferro" e levar a Ucrânia, no centro da disputa, a "um beco sem saída".
As sanções afetam "nossas empresas e nossos setores de alta tecnologia", declarou Serguei Riabkov, vice-ministro russo das Relações Exteriores.
"É a volta do sistema criado em 1949, quando os países ocidentais baixaram a Cortina de Ferro, cortando o fornecimento de alta tecnologia para a União Soviética e outros países", disse.
"É uma política absolutamente contraproducente, que leva a um beco sem saída a situação na Ucrânia, que já é crítica", disse outro vice-chanceler russo, Grigori Karasin.
A expressão Cortina de Ferro foi utilizada pelos ocidentais durante a Guerra Fria para denunciar a separação entre o leste e o oeste da Europa, instaurada pela União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial.
A União Europeia (UE) divulgou nesta terça-feira uma nova lista de personalidades submetidas a sanções, que inclui nove dirigentes políticos e militares russos e seis líderes separatistas da Ucrânia.
A UE acusa os citados de "ações que menosprezam ou ameaçam a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia".
O general Valeri Guerasimov, comandante do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, e o diretor do Departamento Central de Inteligência Militar (GRU), Igor Sergun, estão na lista publicada no Diário Oficial da UE.
A nova lista, que inclui os principais dirigentes russos envolvidos na anexação da Crimeia à Rússia, é adicionada a uma relação anterior de 33 nomes. Agora são 48 dirigentes russos ou ucranianos separatistas sancionados..
Segundo fontes diplomáticas, a lista pode ser ampliada no caso de continuidade da crise na Ucrânia.
Na segunda-feira, o governo dos Estados Unidos anunciou sanções contra sete autoridades russas e 17 empresas, todos considerados próximos ao presidente russo Vladimir Putin.
O Canadá também adotou sanções contra dois bancos e nove dirigentes russos, enquanto o Japão negou vistos a 23 cidadãos russos, o que provocou a irritação de Moscou.
Os ocidentais acusam a Rússia de "jogar lenha na fogueira" na crise da Ucrânia e de realizar manobras militares suspeitas na fronteira.
Segundo a Otan, a Rússia concentrou 40.000 militares na fronteira com a Ucrânia.
Mas o ministro russo da Defensa, Serguei Choigu, voltou a afirmar que as forças do país não invadirão a Ucrânia, durante uma conversa telefônica com o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel.
Choigou também desmentiu as afirmações sobre a presença de grupos de sabotagem russos no sudeste da Ucrânia.
No leste da Ucrânia a situação permanece tensa.
Militantes pró-Moscou assumiram na segunda-feira o controle da prefeitura de Kostiantinivka, cidade de 80.000 habitantes, e em Donetsk atacaram uma passeata de apoio ao governo pró-Ocidente de Kiev, um confronto que terminou com 15 feridos
O prefeito Kharkiv, cidade de 1,4 milhão de habitantes, Guenadi Kernes, gravemente ferido por um tiro, foi levado para Israel para receber tratamento.
As forças pró-Rússia ocupam edifícios públicos, incluindo prefeituras, delegacias e prédios das forças de segurança, em mais de 10 cidades.