Barco "Artic Sunrise": tripulantes do barco se encontram em prisão preventiva no porto de Murmansk até 24 de novembro (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2013 às 11h24.
Moscou - A Justiça russa ditou nesta segunda-feira as primeira acusações de vandalismo contra os tripulantes do navio "Arctic Sunrise" do Greenpeace, detidos há mais de um mês por protestar contra a exploração no Ártico russo.
Por enquanto, o tribunal do porto russo de Murmansk acusou formalmente de vandalismo quatro dos 30 tripulantes da embarcação presa desde 19 de setembro no mar de Barents, assegurou à Agência Efe Yulia Pronina, porta-voz do Greenpeace.
Trata-se dos russos Andrei Allajverdov e Yekaterina Zaspa, do ucraniano Ruslan Yakushev e da turca Gizem Akahn, disse Pronina, que se encontra em Murmansk.
Allajverdov exercia o cargo de chefe de imprensa da expedição, Zaspa era o médico da embarcação, enquanto Yakushev e Akhan trabalhavam na cozinha do "Arctic Sunrise".
Na semana passada, o Comitê de Instrução da Rússia (CIR) rebaixou de "pirataria" a "vandalismo" as acusações sobre os 28 ativistas do Greepeace, um câmera e um fotógrafo independentes.
O porta-voz do CIR, Vladimir Markin, explicou que a parte 2 do artigo 213 do código penal russo poderia representar para o infrator uma pena de até 7 anos de prisão, enquanto a acusação de pirataria (227) é castigada com 15 anos.
Como exemplo, as duas integrantes do grupo punk russo Pussy Riot foram condenadas em 2012 a dois anos de prisão, em virtude do artigo 213, pela acusação de vandalismo motivado por ódio religioso.
Além disso, Markin antecipou que a Justiça russa poderia interpor novas acusações contra os tripulantes do "Arctic Sunrise" por resistência à autoridade, em virtude do artigo 318 do código penal.
Seguidamente, o Greenpeace disse que recorreria da nova acusação, que "é tão absurda como a de pirataria, já que os ativistas não cometeram nenhum ato que violasse gravemente a ordem pública".
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, assegurou hoje que os tripulantes do "Arctic Sunrise" devem ser julgados segundo a legislação internacional, em particular a Convenção sobre o Direito do Mar, e a lei russa.
Poucos dias depois da captura do "Arctic Sunrise", o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que seus tripulantes, "certamente, não são piratas, mas, de fato, tentavam assaltar a plataforma" Prirazlómnaya do gigante energético russo Gazprom.
Os tripulantes do "Arctic Sunrise" procedem da Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, Brasil, República Tcheca, Polônia, Turquia, Finlândia, Suécia e França, países que pedem insistentemente a libertação dos ativistas.
Todos eles, dois dos quais tentaram subir na plataforma petrolífera da Gazprom, se encontram em prisão preventiva no porto de Murmansk até 24 de novembro.