Martelo de juiz em cima de mesa de tribunal: desde os julgamentos de ex-líderes nazistas, a Alemanha só havia julgado por genocídio ex-iugoslavos (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 14h31.
A justiça alemã condenou pela primeira vez, nesta terça-feira, a 14 anos de prisão, um ruandês por cumplicidade no genocídio que deixou centenas de milhares de mortos em Ruanda em 1994.
Um tribunal de Frankfurt (oeste) condenou Onesphore Rwabukombe, de 56 anos, ex-prefeito de Muvumba (nordeste de Ruanda), depois de três anos de um julgamento no qual 120 testemunhas prestaram depoimento, centenas de documentos foram lidos e muitos filmes apresentados.
A promotoria havia pedido que fosse condenado à prisão perpétua, enquanto a defesa solicitou a sua absolvição.
Rwabukombe foi considerado culpado de ter ordenado e coordenado um massacre cometido em abril de 1994 por soldados e policiais ruandeses, junto com milicianos hutus extremistas, no qual morreram centenas de tutsis que haviam se refugiado em uma igreja.
Natalie von Wistinghausen, advogada de Rwabukombe - que vive desde 2002 na Alemanha, onde pediu asilo - afirmou que seu cliente apresentará um recurso ao Tribunal de Cassação.
Desde os Julgamentos de Nuremberg (1945-46) de ex-líderes nazistas, a Alemanha só havia julgado por genocídio ex-iugoslavos.
"A Alemanha não é um refúgio seguro para os cúmplices de genocídio (...) Estamos muito satisfeitos pelo fato de a justiça alemã ter podido levar adiante este difícil procedimento", afirmou o procurador geral Christian Ritscher à AFP.
Durante o genocídio de 1994 em Ruanda foram massacrados 800.000 tutsis e hutus moderados.