Presidente francês, François Hollande, e seu colega ruandês, Paul Kagame: a França sempre negou cumplicidade no genocídio que matou 800 mil pessoas em 100 dias (Alain Jocard/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2014 às 09h21.
Kigali - O embaixador da França em Ruanda anunciou nesta segunda-feira que foi excluído das cerimônias de recordação dos 20 anos do genocídio, em meio a uma controvérsia sobre o papel da França na tragédia de 1994.
"Ontem (domingo) à noite, o ministério ruandês das Relações Exteriores telefonou para informar que não estava credenciado para as cerimônias", disse o embaixador Michel Flesch à AFP.
A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, cancelou a viagem prevista para participar nas cerimônias, depois que o presidente de Ruanda, Paul Kagame, voltou a acusar a França de ter desempenhado um "papel direto na preparação do genocídio" e de ter "participado em sua execução".
A França, aliada do governo nacionalista hutu antes de 1994, sempre negou qualquer cumplicidade no genocídio que matou 800.000 pessoas em 100 dias, em sua maioria da etnia tutsi minoritária.
A França havia anunciado que seria representada nas cerimônias pelo embaixador Michel Flesh.
A ministra ruandesa das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo, insistiu no domingo que a França deveria enfrentar "a difícil verdade" por suas ações há duas décadas.
"Para que nossos dois países comecem realmente a se entender, devemos enfrentar a verdade. A verdade é difícil, a verdade de ser próximo a qualquer pessoa que esteja associada ao genocídio é uma verdade muito difícil de aceitar", declarou Mushikiwabo.