Esplanada dos Ministérios, em Brasília: Rio de Janeiro ainda tem mais servidores federais (Mario Roberto Durán Ortiz/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2012 às 09h55.
Brasília - Passados quase 52 anos da transferência da capital federal para Brasília, o Rio de Janeiro abriga até hoje o maior número de servidores públicos federais. Mesmo sem incluir na contabilidade poderosas estatais, como a Petrobras e o BNDES, o Rio detém cerca de 20% de todo o funcionalismo público federal da ativa ante pouco mais de 11% dos servidores lotados em Brasília.
Não é à toa que parte dos parlamentares fluminenses que dá expediente no Congresso Nacional seja cooptada por esse eleitorado tão vasto e acabe votando contra projetos de interesse do Palácio do Planalto, quando o assunto mexe com direitos históricos de servidores públicos.
Foi assim na votação do projeto de lei que criou o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), que vai terminar com a aposentadoria integral dos servidores que ingressarem na administração federal a partir da sanção da nova lei. Mais da metade da bancada de deputados do Rio votou contra a proposta, independentemente do partido.
"Foi um sofrimento doméstico", confessa o líder do PSC, deputado Hugo Leal (RJ). Aliado do Planalto, ele foi pressionado em casa pela mulher, Luize, a votar contra a criação. Professora da faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense, Luize tentou convencer o marido de que o fundo vai "deteriorar" o serviço público.
"No Rio tem muito servidor público que é um eleitor muito qualificado e atento", diz Leal. "Tem sempre um parente, um amigo, um amigo do amigo, que é servidor público", defende-se o deputado, que não cedeu aos apelos da mulher, seguiu a orientação do governo e votou a favor do Funpresp.
Opinião bem diferente tem o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para ele, o número de servidores federais no Rio é grande, mas, se comparado com a população do Estado, não tem peso eleitoral significativo.
"Cento e dois mil servidores num universo de 20 milhões de habitantes é nada", argumenta o peemedebista.
Estrutura. Com um eleitorado forte entre o funcionalismo público, o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), procura votar sempre em consonância com os anseios do funcionalismo federal. Ele diz que, além de servidores federais da administração direta, o Rio é sede de importantes estatais e autarquias, além de abrigar um grande contingente militar, das Forças Armadas.
Alencar aposta que o quantitativo de servidores sediados no Rio vai cair com o passar dos anos. "Essa mudança da capital para Brasília, em 1960, foi vertical, não contou com um envolvimento real da sociedade no projeto", afirma. "Além disso, 50 anos para uma cidade, como é o caso de Brasília, é muito pouco se comparados aos 447 anos de idade do Rio de Janeiro", conclui o deputado. As informações são do jornal O EStado de S. Paulo.