Entre mais de 11.000 empresas interrogadas, 52% justificaram a adoção destas ecotecnologias pela vontade de reduzir seus custos (Antonio Scorza/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2012 às 11h35.
Paris - A conferência Rio+20 deve insistir na necessidade de impulsionar os investimentos nas "ecotecnologias" e nas energias renováveis, setor que se converteu em um mercado lucrativo, mas que enfrenta dificuldades para alcançar seu pleno desenvolvimento.
Desde a "Cúpula da Terra" de 1992 no Rio, proliferaram novas e verdadeiras atividades econômicas vinculadas ao meio ambiente.
É assim como os geradores de vento e outros painéis solares apareceram por todas as partes no planeta como a expressão mais visível desta "economia verde", a qual esta conferência da Rio+20 é dedicada.
Este desenvolvimento parece cada vez mais motivado pela explosão do preço do petróleo e das matérias primas, que leva os empresários a se comprometer com o "desenvolvimento durável", algo que durante muito tempo foi considerado nada mais do que boas intenções, sem efeito real nos fatos.
Em um estudo publicado neste ano, o gabinete do conselho Grant Thornton destacou que o recurso aos "cleantechs" (ou ecotecnologias) agora pode ser justificado amplamente pelos "lucros comerciais" que as empresas esperam obter.
Efetivamente, nestes tempos de crise, as "tecnologias verdes" têm uma imensa vantagem: são investimentos rentáveis em longo prazo, num momento em que o crescimento desenfreado dos países emergentes faz o preço dos recursos disparar.
Entre mais de 11.000 empresas interrogadas no mundo pelo gabinete, 52% justificaram a adoção destas ecotecnologias pela vontade de reduzir seus custos e 45% pela de aumentar os lucros.
Por sua vez, a Agência Internacional de Energia (AIE), que considera que o desenvolvimento de energias de emissão escassa de CO2 é muito lento para estabilizar o aquecimento do planeta, argumenta que investir neste campo é uma opção "economicamente racional", já que cada dólar que é gasto pode gerar três dólares de economia.
Um exemplo emblemático é o Google, que precisa de enormes quantidades de eletricidade para fazer suas centrais informáticas funcionar, e que investiu mais de 900 milhões de dólares em energias renováveis.
Inclusive as grandes sociedades petroleiras agem neste sentido. No ano passado, a francesa Total comprou por 1,3 bilhão de dólares a empresa americana de painéis solares SunPower, convertendo-se assim em um dos líderes mundiais da indústria fotovoltaica.
No entanto, Grant Thornton destaca que as ajudas governamentais "continuam sendo vitais" para ajudar estas ecotecnologias.
Mantidas através de subsídios, as indústrias deste setor devem enfrentar agora uma situação mais delicada, entre uma crise que obriga muitos governos a reduzir as ajudas e uma pesquisa muito cara, em um contexto de concorrência exacerbada.
Os profissionais da eletricidade solar tiveram uma amarga experiência. Há pouco tempo, vários fabricantes alemães de painéis solares precisaram fechar suas portas, asfixiados por uma concorrência chinesa considerada desleal.
Inclusive os Estados Unidos, país partidário incondicional da livre concorrência, precisou tomar medidas no mês passado e impor tarifas muito elevados para as células fotovoltaicas de manufatura chinesa.
O setor também se lembra das várias tentativas frustradas registradas durante as crises petroleiras de 1973 e 1979.
Naquela época, ocorreram iniciativas a favor da economia de energia ou do desenvolvimento da energia solar, que foram posteriormente deixadas de lado quando o preço do petróleo caiu, nos anos 1980.
Apesar de tudo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente mostra-se confiante. Na segunda-feira, ao anunciar um aumento de 52% nos investimentos em energia renovável realizados em 2011, a 257 bilhões de dólares, o PNUE comparou as idas e vindas sofridas pelo setor em sua fase de desenvolvimento com a situação vivida pela indústria automobilística no início do século XX, antes de se tornar uma indústria imprescindível.