Dura missão: magistrado terá de mediar discussões polêmicas neste ano (AE)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.
São Paulo - Ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira, Ricardo Lewandowski, de 61 anos, terá que mostrar a que veio. Apegado ao ambiente acadêmico, que, confessa, é o preferido dele, o novo comandante do tribunal que será o centro das atenções neste ano de corrida ao Planalto precisará deixar de lado a atitude discreta e assumir o papel de líder.
O ministro foi pego de surpresa quando Joaquim Barbosa abriu mão da presidência do TSE, no fim do ano passado. Atordoado por crônicas dores nas costas que o fazem recorrer a tratamentos médicos no Brasil e no exterior, Barbosa jogou a toalha. No meio jurídico era grande a expectativa pela chegada do colega de Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF) à presidência do TSE. Afinal, Barbosa notabilizou-se como o relator do mensalão, o maior escândalo do governo Lula.
Se a chegada do rígido Barbosa ao comando do TSE era temida por muitos, não se sabe o que esperar da gestão de Lewandowski. A interlocutores, ele vem demonstrando certa apreensão. Caberá ao ministro a tarefa de chefiar as eleições de 2010, já marcadas, em período de pré-campanha, pela forte polarização entre o PT de Dilma Rousseff e o PSDB de José Serra.
Ao ocupar a presidência, o magistrado terá de mediar discussões polêmicas, como o julgamento das representações movidas pela oposição contra o presidente Lula e a pré-candidata do PT por propaganda eleitoral antecipada e a liberação ou não de debates na internet. E vai suceder Carlos Ayres Britto, que marcou sua gestão pelos posicionamentos fortes, como o ataque aos candidatos ficha-suja.
Apaziguador
No Supremo, o ministro é tido como apaziguador. Foi dele e de Ayres Britto, que despede-se da presidência da corte eleitoral nesta quinta, a iniciativa de procurar Barbosa após seu rumoroso bate-boca com Gilmar Mendes, que escandalizou a corte. Lewandowski também não costuma polemizar ao redigir e explicitar o conteúdo de seus votos em plenário. A súmula que proibiu o nepotismo no serviço público, redigida por ele, é uma das exceções.
O ministro é agil na apreciação de processos. Por duas vezes, já teve o gabinete premiado pela eficiência. Mas, num ano de eleições, o tarimbado professor da Universidade de São Paulo (USP) terá de sair dos bastidores e se expor no plenário do TSE.