David Cameron foi eleito com um programa critico à União Europeia (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2011 às 14h19.
Bruxelas - Apesar da aprovação de um pacto fiscal entre os membros da União Europeia, à exceção da Grã-Bretanha, o processo de estabelecimento das medidas evidenciou profundas divisões do bloco.
Acuada pela crise da dívida e pela pressão dos mercados, a Eurozona rejeitou a proposta de Alemanha e França para endurecer a disciplina fiscal que contempla a imposição de sanções aos infratores que superem o teto do déficit superior a 3% do PIB.
Isso acontece mediante um acordo intergovernamental e não uma reforma dos tratados que exige a unanimidade dos 27 membros.
"Se não podemos obter garantias, é melhor ficarmos de fora", disse o primeiro-ministro britânico, o conservador e euroecético David Cameron, que considerou a "decisão difícil, mas ruim".
"Preferiríamos um acordo dos 27" países da União Europeia, disse por sua vez o presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Contudo, isso não foi possível devido aos nossos amigos britânicos", explicou.
A princípio relutantes, os outros nove países da União Europeia que não formam parte da Eurozona devem assinar os acordos.
São eles Bulgária, República Tcheca, Dinamarca, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Suécia. Segundo a declaração revisada divulgada ao final da reunião, esses países "manifestaram a possibilidade de participar deste processo depois de consultarem seus Parlamentos".
Em Bruxelas, muitos são os que se surpreendem de que este enfrentamento entre Cameron e seus sócios comunitários tenha levado tanto tempo para acontecer desde sua chegada ao governo britânico, em maio de 2010.
Eleito com um programa reticente com a UE, no qual pedia que fossem reexaminadas as relações entre Londres e Bruxelas, o líder conservador se distinguiu rapidamente por suas reservas com relação a UE.
"Grã-Bretanha terá que começar a definir se fica na União Europeia ou se sai", disse à AFP o professor de Economia da Universidade Autônoma de Madri, Emilio González, segundo o qual Londres "não está jogando limpo durante a crise do euro".