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Reunião de ministros do G20 termina sem comunicado por desacordos sobre Ucrânia

O encontro de dois dias na ilha de Bali evidenciou as diferenças entre os líderes ocidentais, que denunciaram o impacto da guerra na Ucrânia na inflação e nas crises alimentar

Reunião do G20: a reunião aconteceu depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua previsão de crescimento mundial (Marchio GORBIANO, Jack MOORE / AFP/AFP)

Reunião do G20: a reunião aconteceu depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua previsão de crescimento mundial (Marchio GORBIANO, Jack MOORE / AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 16 de julho de 2022 às 14h16.

A reunião de ministros de Economia e presidentes de bancos centrais dos países do G20 na Indonésia foi concluída neste sábado (16) sem um comunicado conjunto, devido à falta de consenso nas discussões, dominadas pela ofensiva russa na Ucrânia.

O encontro de dois dias na ilha de Bali evidenciou as diferenças entre os líderes ocidentais, que denunciaram o impacto da guerra na Ucrânia na inflação e nas crises alimentar e energética, e a Rússia, que responsabilizou as sanções implementadas pelos países do Ocidente pela piora na situação economia mundial.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, o ministro da Economia da Austrália, Jim Chalmers, e a ministra das Finanças do Canadá, Chrystia Freeland, responsabilizaram Moscou pelo enorme impacto da guerra na economia mundial.

Ao invés do tradicional comunicado conjunto, a Indonésia emitirá uma declaração, explicou a ministra das Finanças do país anfitrião, Sri Mulyani Indrawati, em seu discurso de encerramento.

A ministra disse que havia consenso na maior parte do documento, mas que dois parágrafos se concentrariam nas diferenças dos membros em relação às repercussões da guerra e a forma de responder. "Acredito que este é o melhor resultado", afirmou.

- Progressos em normas tributárias -

Neste sábado, durante a abertura do segundo dia da reunião, o presidente do Banco Central da Indonésia, Perry Warjiyo, pediu aos participantes que redobrassem os esforços para estabelecer políticas econômicas coordenadas, já que a inflação está acelerando e os riscos para o crescimento se multiplicam.

Na sexta-feira, "muitos de nós [...] enfatizamos a necessidade urgente de abordar o risco de uma inflação persistente provocada pelo aumento dos preços dos produtos básicos" e enfrentar a insegurança alimentar, assinalou.

A reunião aconteceu depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua previsão de crescimento mundial.

O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, e seu equivalente ucraniano, Serhiy Marchenko, participaram da reunião por videoconferência.

O vice-ministro de Economia russo, Timur Maksimov, compareceu pessoalmente às conversas. Na semana passada, o chanceler de seu país, Sergei Lavrov, chegou a abandonar uma reunião do G20 após as críticas do Ocidente à invasão.

Desta vez, Maksimov permaneceu na sala durante as críticas dos representantes do Ocidente, segundo uma fonte presente. O ministro ucraniano, por sua vez, pediu "sanções seletivas mais severas" contra Moscou.

Para os analistas, a falta de consenso sobre um comunicado conjunto dificultará os esforços coordenados para combater a inflação e a escassez de alimentos provocada pela invasão da Ucrânia.

O encontro é uma prévia da cúpula dos chefes de Estado e de governo do G20 que acontecerá nesta ilha paradisíaca da Indonésia em novembro, que deveria ter como foco principal a recuperação econômica pós-pandemia de covid-19.

Os ministros também debateram hoje sobre economia sustentável, criptomoedas e tributação internacional.

A ministra das Finanças do país anfitrião afirmou que houve "progressos" nas mudanças das normas tributárias internacionais, que estabelecerão uma taxa mínima mundial de imposto de sociedades de 15% até 2024.

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