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Retomadas as buscas no Costa Concordia

Famílias das vítimas mantém ansiedade sobre um possível resgate enquanto reclamam da atuação do capitão do navio

Kevin Rebello mostra foto de seu irmão, uma das vítimas do naufrágio ainda desaparecido (Ella IDE)

Kevin Rebello mostra foto de seu irmão, uma das vítimas do naufrágio ainda desaparecido (Ella IDE)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2012 às 13h32.

Ilha de Giglio - As buscas pelos desaparecidos no naufrágio do Costa Concordia foram retomadas nesta quinta-feira, enquanto os familiares esperam com ansiedade os resultados das operações e nutrem uma grande raiva contra o comandante do navio, que se encontra em prisão domiciliar.

"Ele está na casa dele agora, pois vive na Itália. Em outro país, estaria na prisão e não tomando café com a mãe", declarou indignado à AFP Kevin Rebello, irmão de um tripulante de nacionalidade indiana, ainda desaparecido.

"Comandar um navio de cruzeiro não é a Disneylândia, ele brincou com a vida de pessoas. Eu estou com muita raiva", declarou Kevin Rebello, que veio de Milão - onde trabalha - para encontrar seu irmão Russel, casado e pai de uma menina de três anos e meio.

Outras famílias, refugiadas no hotel Orbetello (Toscana), temem pelo pior e recebem o apoio de psicólogos. Alguns familiares, que conseguiram escapar da catástrofe, deverão superar o trauma e o sentimento de culpa por terem sobrevivido.

Dos 11 mortos confirmados, oito foram formalmente identificados.

Os corpos de dois franceses, Pierre Grégoire, 69 anos, e sua irmã de 70 anos, Jeanne Gannard, foram identificados nesta quinta-feira pela família, anunciou autoridades da cidade de Gosseto, na Toscana.

"Continuamos sem novidades sobre os dois outros franceses", indicou à Paris o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero.

Os familiares de um casal de franceses ainda desaparecido, Mylène Litzler, 23 anos, e Mickaël Blemand, 25 anos, fizeram um apelo no Facebook.

"Procuramos recolher o máximo de testemunhos de passageiros que os viram no momento do naufrágio, ou até na semana que precedeu o acidente, para saber onde eles estão e o que pode ter acontecido", explicou à l'AFP André Litzler, tio de Mylène.

Após a interrupção das buscas durante quase todo o dia, o trabalho foi retomado hoje.

A tarefa é difícil pois partes do navio estão bloqueadas por portas trancadas, pilhas de móveis e carpete.

O bombeamento do combustível do navio (2.380 toneladas) ainda não foi iniciado, apesar dos riscos de maré negra na ilha, uma reserva natural de grande valor ecológico.

Esta operação, que pode durar algumas semanas, é muito complicada, por ser necessário o aquecimento do petróleo para torná-lo fluido.

Os reservatórios do Costa Concordia estavam praticamente cheios quando aconteceu o naufrágio.

Já a companhia italiana, Costa Cruzeiros, proprietária do Costa Concordia, anunciou na manhã desta quinta-feira ter entrado em contato com "todos os passageiros ara assegurar que todos chegaram a suas casas e passavam bem".

"A empresa confirma o reembolso das passagens e de todas as despesas materiais", assegurou em um comunicado.

Mais de 70 passageiros do Costa Concordia já aderiram a uma ação coletiva contra a companhia lançada pela associação italiana de defesa dos consumidores, com o objetivo de obter uma indenização para cada passageiro de pelo menos 10 mil euros.

Processos judiciais contra a empresa também foram anunciados na França.

A companhia, por sua vez, também afirma ter sido lesada e disse que se apresentará como vítima em um eventual julgamento "porque, além da tragédia e do drama humanos, a empresa sofreu um prejuízo imenso", afirmou um de seus advogados.

Em declarações à imprensa, o advogado Marco De Luca, condenou o comportamento do comandante do cruzeiro, Francesco Schettino, acusado de ter desviado sem autorização a embarcação de sua rota causando o naufrágio, que provocou a morte de onze pessoas e mais de vinte desaparecidos.

O advogado disse ainda que a companhia não assumirá a defesa do comandante, que foi suspenso de seu cargo.

"A companhia é outra vítima nesta tragédia", acrescentou o advogado, que anunciou que a emprsa colaborará coma justiça italiana.

Segundo novos testemunhos, muitos passageiros na hora da evacuação ficaram sem coletes salva-vidas e correram risco de morte ao tentaram procurar coletes em suas cabines.

Além disso, muitos botes sobrecarregados só puderam ser manobrados com a ajuda de serventes e cozinheiros - "anjos filipinos" apelidaram alguns sobreviventes - que se transformaram em marinheiros improvisados.

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