Barack Obama: "Minha visão sobre o Egito é que a ajuda em si só não poderá reverter o que o governo interino faz", afirmou o presidente norte-americano, em uma entrevista à CNN (AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2013 às 16h28.
O presidente Barack Obama afirmou nesta sexta-feira que a retirada da ajuda americana ao Egito não reverterá a conduta do regime militar no poder.
"Minha visão sobre o Egito é que a ajuda em si só não poderá reverter o que o governo interino faz", afirmou Obama em uma entrevista à CNN.
Washington revisa atualmente a ajuda americana ao Cairo, depois da que do presidente islamita Mohamed Mursi e a subsequente repressão a seus partidários islâmicos.
"Mas acho que o que a maioria dos americanos diria é que devemos ser muito cuidadosos para não sermos vistos como alguém que os ajuda, permitindo ações que consideramos contrárias aos nossos valores e ideais", acrescentou.
"Em consequência, o que estamos fazendo agora é uma profunda avaliação das relações egípcio-americanas", afirmou ainda.
Os Estados Unidos fornecem ao Egito 1,3 bilhão de dólares anuais em ajuda militar e outros 200 em assistência econômica e outros.
A importância da ajuda americana é tanta que cobre quase 80% dos gastos de equipamento do exército egípcio, segundo o Serviços de Pesquisa do Congresso americano.
Além das considerações políticas e militares, uma anulação da ajuda teria consequências financeiras importantes para os Estados Unidos.
De fato, a ajuda, canalizada através do sistema de financiamento militar estrangeira (FMF), não é entregue ao Egito, pois passa diretamente para os contratos com fabricantes de armamento americanos para que forneçam os equipamentos militares solicitados por Cairo.
Dessa forma, em caso de anulação da ajuda ao Egito, Washington continuaria comprometido com os industriais americanos e teria de pagar pesadas multas por rescindir contratos.
Outro elemento importante, apesar de menos custoso da ajuda militar, diz respeito à formação de oficiais egípcios nas escolas militares americanas: entre 2000 e 2009, 11.500 deles passaram por elas, incluindo o homem-forte do regime egípcio atual, general Abdel Fattah al-Sissi.