Mundo

Retiradas de diplomatas do Afeganistão aceleram, Talibã promete paz

O Talibã diz que quer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres nos moldes da lei islâmica

Pessoas retiradas do Afeganistão embarcam em avião da Força Aérea da Alemanha em Tashkent, no Uzbequistão (Marc Tessensohn/Twitter @Bw_Einsatz/Divulgação/Reuters)

Pessoas retiradas do Afeganistão embarcam em avião da Força Aérea da Alemanha em Tashkent, no Uzbequistão (Marc Tessensohn/Twitter @Bw_Einsatz/Divulgação/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 18 de agosto de 2021 às 10h28.

Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 17h56.

Mais de 2.200 diplomatas e outros civis já foram retirados do Afeganistão em voos militares, disse uma autoridade de segurança ocidental à Reuters nesta quarta-feira, e os esforços para retirar pessoas depois que o Talibã tomou a capital do país ganharam ímpeto.

O Talibã diz que quer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres nos moldes da lei islâmica, mas milhares de afegãos, muitos dos quais ajudaram forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos ao longo de duas décadas, estão desesperados para partir.

"Estamos continuando com um ímpeto muito rápido, a logística não mostra nenhum tropeço até o momento", disse a autoridade de segurança ocidental. Não está claro quando os voos civis serão retomados, segundo ela.

A autoridade ainda disse que entre os que partem estão pessoal diplomático, seguranças estrangeiros e afegãos que trabalhavam para embaixadas.

O funcionário não detalhou quantos afegãos estão entre as mais de 2.200 pessoas que partiram, nem ficou claro se esta cifra inclui os mais de 600 homens, mulheres e crianças afegãos que se espremeram em uma aeronave militar de carga norte-americana C-17 no domingo.

O Talibã, que luta desde que foi deposto em 2001 para expulsar forças estrangeiras, tomou Cabul no domingo após uma ofensiva relâmpago no momento em que forças ocidentais lideradas pelos EUA se retiravam em observância a um acordo que incluiu uma promessa dos militantes de não atacá-los quando partissem.

Forças dos EUA que controlam o aeroporto tiveram que interromper os voos na segunda-feira depois que milhares de afegãos assustados invadiram o campo aéreo em busca de uma rota de fuga. Os voos foram retomados na terça-feira, quando a situação foi controlada.

O Reino Unido disse que conseguiu retirar cerca de mil pessoas por dia, e a Alemanha transportou 130. A França disse ter retirado 25 de seus cidadãos e 184 afegãos, e a Austrália disse que 26 pessoas chegaram em seu primeiro voo de volta de Cabul.

Como o Talibã se consolida no poder, um de seus líderes e cofundadores, o mulá Abdul Ghani Baradar, voltou ao Afeganistão pela primeira vez em mais de 10 anos. Uma autoridade do Talibã disse que os líderes se mostrarão ao mundo, diferentemente do passado, quando viviam escondidos.

"Não queremos nenhum inimigo interno ou externo", disse o principal porta-voz do movimento, Zabihullah Mujahid.

As mulheres terão permissão para trabalhar e estudar, e "serão muito ativas na sociedade, mas dentro dos moldes do Islã", acrescentou.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ecoou líderes de países ocidentais ao dizer que o Taliban será julgado por suas ações, não por suas palavras.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoTalibã

Mais de Mundo

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção