Iowa teve forte frio, com temperaturas de -20º C no dia da votação (Chip Somodevilla/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 18h32.
Última atualização em 15 de janeiro de 2024 às 22h56.
As primárias em Iowa, realizadas nesta segunda, dia 15, são a primeira etapa das eleições americanas. É a primeira vez que os candidatos terão um teste real das urnas, e isso pode tanto impulsionar candidaturas quanto levar competidores a desistir.
A votação desta segunda será feita apenas pelo Partido Republicano. Seis nomes disputam a nomeação para disputar a Presidência.
O favorito na disputa é o ex-presidente Donald Trump, que tem cerca de 52% de preferência em Iowa, segundo compilado de pesquisas do site FiveThirtyEight. Assim, o foco do dia estará na disputa pelo segundo lugar. Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, e Ron DeSantis, governador da Califórnia, estão perto de um empate, com 18,7 e 15,8%, respectivamente.
Em entrevista à EXAME, no podcast "O Caminho para a Casa Branca", Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, apontou três coisas para prestar atenção nos resultados de Iowa:
Para Moura, o mais importante é como vai ser o comparecimento na votação, em função da nevasca que atinge Iowa. O estado está com temperaturas de 20º C negativos, o que pode desencorajar a participação dos eleitores.
No estado, há 752 mil republicanos registrados para votar, ante uma população de 3,2 milhões de habitantes. Em 2016, quando houve recorde de comparecimento, apenas 29% dos eleitores registrados compareceram.
"Será frustrante para o Trump se a vitória não for de 30 a 40 pontos de vantagem", aponta Moura. Pesquisas apontam uma vitória confortável para o ex-presidente, mas mudanças de opinião de última hora ou um baixo comparecimento de eleitores trumpistas podem mudar o cenário.
Nas últimas semanas, Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, teve um impulso e subiu nas pesquisas. Ela disputa a 2ª posição com Ron DeSantis, governador da Flórida que perdeu vantagem nos últimos meses. Um mau resultado para DeSantis pode aumentar as chances de que ele desista da corrida. Já Haley está mais confortável: um segundo lugar seria festejado, mas uma terceira posição por margem pequena não seria um grande problema.
Iowa adota o modelo de Caucus: os eleitores participam de reuniões, onde representantes dos candidatos fazem discursos breves. Em seguida, a votação é feita, por meio de urnas ou aclamação, e os dados são repassados para a central estadual.
Os caucus serão iniciados entre 19h e 20h na hora local (22h e 23h em Brasília). A duração deles varia, com a maioria terminando após 60 ou 90 minutos. Há reuniões, no entanto, que podem chegar a três horas.
Em 2016, último caucus republicano onde houve competição forte, os primeiros resultados foram diviulgados às 19h32 na hora local, e os dados completos da apuração vieram só à 0h50 do dia seguinte (3h50 em Brasília), segundo a agência AP.
Naquele ano, Ted Cruz venceu em Iowa, com Trump em segundo lugar. No entanto, Trump acabou levando a nomeação partidária após vencer na maioria dos outros estados e, em seguida, conquistou a Presidência.
Em 2020, Trump buscava a reeleição e teve 97,1% dos votos em Iowa,contra apenas um competidor, Bill Weld.
Iowa tem a tradição de receber o início das primárias desde 1972, quando o sistema atual foi adotado. Assim, o estado acaba tendo um peso importante na disputa: quem começa bem ali costuma ter um impulso para a campanha. Já quem vai muito mal geralmente desiste, pois a falta de votos afasta doações e eleitores nas etapas seguintes.