Japão teve um aumento significativo de turistas em relação ao ano de 2019. (bernersteven/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 26 de julho de 2024 às 11h45.
Última atualização em 26 de julho de 2024 às 12h16.
Em meio ao crescente fluxo de turistas no Japão, alguns restaurantes têm adotado uma prática de preços diferenciados. Embora muitos possam interpretar isso como uma cobrança adicional para turistas, os proprietários afirmam que, na verdade, estão oferecendo descontos para os moradores locais. Esta medida visa lidar com os desafios operacionais e financeiros decorrentes do aumento do turismo, especialmente após a reabertura total do país no final de 2022. As informações são da CNN.
Shogo Yonemitsu, proprietário de um restaurante de frutos do mar em Shibuya, Tóquio, é um dos empresários que implementaram essa estratégia. Ele oferece um desconto de 1.000 ienes (cerca de R$ 56,60) para os clientes locais, justificando a necessidade dessa abordagem pelos custos operacionais adicionais, como a contratação de funcionários que falem inglês para atender a demanda dos turistas. Esta prática tem se mostrado uma solução viável para manter a fidelidade dos clientes locais sem aumentar os preços para os turistas.
Desde a reabertura total do Japão para o turismo no outono de 2022, o país tem experimentado um aumento significativo no número de visitantes. Em 2024, as chegadas de turistas atingiram um recorde de 17,78 milhões no primeiro semestre, com projeções para superar o recorde de 31,88 milhões de turistas em 2019. A desvalorização do iene, que atingiu seu nível mais baixo em décadas em relação ao dólar, tem sido um fator chave para esse aumento.
Como resposta ao excesso de turismo, várias regiões do Japão têm implementado medidas para mitigar os impactos. Algumas dessas medidas incluem a imposição de taxas turísticas, limites de visitantes e até a proibição da venda de álcool em determinadas áreas. Na região de Hokkaido, autoridades incentivaram os negócios a estabelecer preços mais baixos para os moradores locais
A prática de preços diferenciados não é uma novidade global, sendo comum em diversos destinos turísticos. No Japão, essa abordagem é deixada a critério de cada negócio, diferentemente de outros lugares onde governos podem intervir. Em Veneza, por exemplo, foi introduzida uma taxa de entrada e um sistema de reservas online para lidar com o excesso de turistas.
Empresários japoneses têm encontrado maneiras criativas de implementar essa estratégia. Shuji Miyake, que administra um izakaya em Tóquio, oferece pratos de ramen com lagosta por 5.500 ienes (cerca de R$ 311), voltados principalmente para turistas, enquanto os pratos tradicionais de camarão custam muito menos para os clientes regulares.
Enquanto isso, turistas como Phoebe Lee, da Austrália, reconhecem a necessidade de tais medidas. Em sua recente viagem de duas semanas ao Japão, ela gastou menos do que em visitas anteriores, mas expressou disposição para pagar um pouco mais se isso significar apoiar os negócios locais e preservar aspectos culturais importantes do Japão, como pequenos restaurantes familiares e ryokans tradicionais.