Lima - Os territórios indígenas e as áreas naturais protegidas detêm mais da metade (55%) das reservas de carbono da Amazônia e exigem maior proteção dos governos por sua influência na estabilidade do clima mundial, revelou um estudo de organizações ambientais, divulgado nesta terça-feira.
"A rede de TI (territórios indígenas) e ANP (áreas nacionais protegidas) dos nove países amazônicos contém 55% (47.363 toneladas métricas) do carbono da Amazônia, o que, se for liberado, alteraria irremediavelmente os regimes climáticos e de chuva em escala continental", acrescentou o informe, apresentado paralelamente à Conferência das Partes da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20), celebrada em Lima.
Mais da metade (53% ou 4,2 milhões de quilômetros quadrados) da região amazônica está em risco pela expansão da agricultura e da pecuária, bem como de setores de mineração, exploração de petróleo, de madeira e dos transportes.
"Nunca antes estivemos sob tanta pressão" pelo avanço de interesses privados, afirmou Edwin Vásquez, co-autor e presidente da COICA, Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica.
"Se todos os projetos de desenvolvimento econômico atualmente previstos para a Amazônia forem implementados, a região se tornaria uma gigantesca savana, com ilhas de floresta", alertou Beto Ricardo, do brasileiro Instituto Sócio-ambiental (ISA), uma das entidades que contribuiu com o informe.
O estudo foi feito por cientistas e especialistas em políticas públicas e das ONGs, ao lado de redes pan-amazônicas de indígenas.
A Amazônia compreende 2.344 territórios indígenas e 610 áreas naturais protegidas, distribuídas em nove países.
O papel dos territórios indígenas e das áreas naturais protegidas é essencial também para a preservação da Amazônia, visto que agem como barreiras sociais e naturais ao avanço da fronteira agrícola e os incentivos florestais, afirmaram os autores.
"Isto significa que o reconhecimento internacional e o investimento em territórios indígenas e áreas protegidas são essenciais para garantir que estas áreas continuem contribuindo para manter a estabilidade global do clima", disse Richard Chase Smith, do peruano Instituto do Bem Comum.
Inaugurada na segunda-feira, a conferência climática da ONU (COP20) durará duas semanas, em Lima, em busca criar as bases para um novo acordo mundial contra o aquecimento global, que deve ser aprovado em 2015, durante uma cúpula ambiental, em Paris.
-
1. Machu Picchu
zoom_out_map
1/8 (Wikimedia Commons)
A 2,4 mil metros de altitude sobre o vale do rio Urubamba, nas cadeias montanhosas do Peru, está a famosa cidade perdida dos incas, Machu Picchu. Construída no século XV, a região vem sofrendo com a deterioração das ruínas e com deslizamentos de terra. Além do intenso fluxo de turistas (hoje limitado a 2,5 mil visitações diárias), este sítio arqueológico, Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1983, também é alvo das mudanças no clima. Em janeiro passado, Machu Picchu foi atingida por chuvas intensas consideradas pelo governo peruano as piores dos últimos 15 anos. O temporal chegou a isolar a cidade.
-
2. Veneza
zoom_out_map
2/8 (Wikimedia Commons)
A cidade italiana que transborda história está alagando. Em cem anos, pelo menos 20 centímetros de Veneza já foram para debaixo d´água – e a cada ano lá se vão mais 0,4 milímetros. Reflexo do aquecimento global, o mar adriático, que banha a costa italiana, vem subindo em velocidade assustadora de 1,4 milímetro por ano. A elevação das águas põe em risco as velhas e desgastadas estruturas que sustentam a cidade que, cada vez mais, sofre com inundações frequentes.
-
3. Gujarat
zoom_out_map
3/8 (Creative Commons/Emmanuel Dyan)
O estado indiano de Gujarat é o maior produtor de algodão e sal do país, além de berço natal de Mahatma Ghandi, o líder político e espiritual que conduziu a India à independência da Coroa Britânica. No verão de 2006 e 2007, o país sofreu uma série de inundações causadas por severas monções, que devastaram a estrutura e a agricultura da região. Com o aquecimento global, alertam os cientistas, esses fenômenos climáticos extremos podem se tornar mais se tornar mais frequentes e intensos, ameaçando não só a população como as atividades econômicas mais importantes do país.
-
4. Delta do Nilo
zoom_out_map
4/8 (Getty Images)
Durante milênios, ele agregou povos que encontravam em suas águas a oportunidade de cultivar o solo para a agricultura. Ainda hoje o Rio Nilo e seu Delta são cruciais para o Egito – pelo menos um terço da colheita do país vem daí. Mas o aquecimento global tem transformado a região numa ameaça com força destrutiva tão grande quanto seu poder de criação. Em 200 anos, as águas do Mediterrâneo subiram pelo menos 20 centímetros, o que gera cheias frequentes, que arrasam cidades e elevam a salinidade do solo das fazendas, prejudicando a agricultura.
-
5. Zahara de La Sierra
zoom_out_map
5/8 (Wikimedia Commons)
Com área de 72km² e uma população de pouco mais de 1,5 mil habitantes, Zahara de La Sierra é uma cidade medieval histórica nas colinas espanholas de Andaluzia, que vive principalmente no turismo rural. Projeções de cientistas mostram diminuição em 40% das precipitações e elevação de 4 graus nas temperaturas até o final do século como consequência das mudanças climáticas. Isto irá expor Andaluzia e outras regiões da Península Ibérica ao risco de desertificação, que pode ser fatal para as famosas oliveiras da região e seus pastos verdes.
-
6. Sibéria
zoom_out_map
6/8 (Wikimedia Commons)
Há mais de 40 mil anos, os mares da Sibéria congelaram de maneira tão rápida que plantas da região ricas em carbono foram aprisionadas nas profundezas geladas. Ao longo do tempo, a decomposição dessa matéria orgânica libera metano, gás de efeito estufa vinte vezes mais nocivo que o CO2. Com as altas temperaturas, o gelo vem derretendo e liberando esses gases que estavam presos, piorando ainda mais as emissões. Ou seja, quanto maior o calor, mais gelo derrete e mais gases são emitidos, o que deixa o planeta mais quente.
-
7. Plataforma de Gelo Ross
zoom_out_map
7/8 (Wikimedia Commons)
Situada na Antártida, a plataforma de Ross é maior do mundo, com cerca de 487000 km², área semelhante à da França. Esse "país" de gelo deve o seu nome ao marinheiro e explorador inglês James Clark Ross, que a descobriu em 1841. Apesar da espessura de centenas de metros, os cientistas temem que os paredões de gelo derretam em virtude do aquecimento do planeta, o que poderia causar uma elevação de 5 metros no nível dos oceanos.
-
8. Galápagos
zoom_out_map
8/8 (Wikimedia Commons)
Foi nessas ilhas equatorianas, no oceano pacífico, que Charles Darwin revolucionou as ciências naturais criando a Teoria da Evolução, a um século e meio atrás. De lá pra cá, o arquipélago tem atraído turistas e curiosos do mundo todo, que querem conhecer sua fauna peculiar, que inclui muitas espécies endêmicas como as tartarugas de Galápagos. Contudo, o aumento crescente do turismo e da população local colocam em risco esse paraíso natural que, há pouco tempo, era praticamente intocado.