O Empire State Building de Nova York iluminado com a cor vermelha, para representar a vitória do Partido Republicano nas eleições legislativas de meio de mandato (Mladen Antonov/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2014 às 06h43.
Washington - Os republicanos conquistaram a maioria no Congresso nas eleições legislativas de meio de mandato nos Estados Unidos, um resultado que deixa o presidente Barack Obama e os democratas diante da previsão de dois anos de convivência muito difícil.
Além de assegurar o controle que mantêm desde 2010 na Câmara de Representantes, os republicanos retomaram dos democratas pelo menos sete cadeiras chaves para garantir 52 membros no Senado, que tem 100 integrantes.
"O povo americano confiou no Partido Republicano", disse o presidente do partido, Reince Priebus.
Mitch McConnell, o líder dos republicanos no Senado, conquistou a reeleição no Kentucky após uma campanha muito difícil e rapidamente anunciou uma mudança de ares em Washington.
"Está na hora de seguir em outra direção", disse McConnell, 72 anos, que deve substituir o democrata Harry Reid à frente do Senado quando o novo Congresso iniciar a nova legislatura em janeiro.
"Mas temos a obrigação de trabalhar juntos nos temas onde possamos estar de acordo", completou.
Reid felicitou McConnell, mas pediu cooperação.
"A mensagem dos eleitores é muito clara: querem que trabalhemos juntos", disse.
Os republicanos também venceram em Virginia Ocidental, Iowa, Montana, Colorado, Arkansas, Dakota do Sul e Carolina do Norte, destronando os democratas nestes estados.
Mas a vitória pode ser ainda maior. As disputas no Alasca e na Virginia permanecem em aberto e na Louisiana acontecerá um segundo turno em 6 de dezembro.
Na Câmara de Representantes, os republicanos podem conquistar entre 14 e 18 cadeiras a mais, segundo projeções da ABC, o que daria ao partido 247 dos 435 membros, a vitória republicana mais ampla desde a década de 30.
Os republicanos também venceram os governos em estados importantes como Texas, Wisconsin e Flórida, onde o voto dos latinos era considerado fundamental, entre outros dos 36 em disputa.
"Eles se saíram tão bem como era possível", disse à AFP Michael Heany, professor da Universidade de Michigan.
Dois anos difíceis
O presidente Barack Obama, que não fez comentários sobre as eleições, convidou os líderes do Congresso para uma reunião na Casa Branca na sexta-feira.
Com a derrota, o presidente seguirá os passos de todos os seus antecessores desde Ronald Reagan, que enfrentaram a oposição do Congresso ao final de seus mandatos.
A baixa popularidade de Obama não muda nem com a redução do nível de desemprego ou a recuperação econômica. Para piorar, os escândalos (espionagem, onda ilegal de imigrantes) apenas perpetuam os problemas de percepção do eleitorado.
E em eleições que são tradicionalmente cruéis para os partidos no poder, os republicanos partiram para o ataque contra Obama e suas políticas, como a polêmica reforma do sistema de saúde, conhecida como "Obamacare".
As pesquisas de boca de urna mostravam um eleitorado desencantado: dois terços dos americanos consideram que o país está na direção equivocada e 79% desaprovam o trabalho do Congresso. Menos de um terço manifesta satisfação com o governo de Obama e um número similar com os líderes republicanos no Capitólio, segundo a CNN.
Agora todos esperam o que acontecerá com o novo Congresso, após quatro anos de uma batalha ideológica, mas McConnell destacou que provavelmente não promulgaria leis para demolir as bases da presidência de Obama, começando pelo sistema de saúde
Mas dentro do Partido Republicano, notoriamente dividido, é preciso aguardar para ver se os ultraconservadores do Tea Party, como o senador Ted Cruz, pretendem estender a mão aos democratas.
Voto latino
Quase 7,8 milhões dos 25,2 milhões de latinos teriam comparecido às urnas, um número recorde para a principal minoria do país, segundo o instituto Pew Hispanic.
Mas os latinos não escondem as desilusões com as promessas não cumpridas, incluindo a reforma migratória.
"Sim, é tudo mentira e mentira. Acreditamos que iriam nos ajudar e resolver, mas não se lembram da gente após as eleições", disse à AFP Danmy Denis, de origem cubana, depois de votar em Miami.
Os americanos também votaram na terça-feira em dezenas de referendos, da liberação da maconha e da legalização do aborto, passando pelo salário mínimo.
A capital Washington aprovou a legalização da maconha, uma vitória simbólica que reforça a tendência a favor manifestada em outros estados do país, mas a Flórida rejeitou o uso da maconha para fins medicinais.