"Sou Ron DeSantis e me candidato a presidente para liderar nosso grande retorno americano" (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 25 de maio de 2023 às 06h49.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, apresentou, nesta quarta-feira, 24, sua candidatura à indicação do Partido Republicano para as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos, a fim de "liderar nosso grande retorno americano", declarou.
DeSantis, 44 anos, formalizou sua candidatura em um documento entregue à Comissão Eleitoral Federal horas antes do lançamento midiático de sua campanha, em um bate-papo no Twitter com Elon Musk previsto para as 18h locais.
Em meio a problemas técnicos, no entanto, o republicano publicou um vídeo na mesma plataforma, no qual formalizou seu anúncio. "Sou Ron DeSantis e me candidato a presidente para liderar nosso grande retorno americano", disse na gravação.
Mais de 400.000 pessoas tentavam ouvir a conversa ao vivo no Twitter, mas o áudio apresentou repetidas falhas antes mesmo de DeSantis aparecer. Durante a transmissão, foi possível ouvir Elon Musk dizer que, devido ao grande número de pessoas conectadas, os servidores da plataforma estavam sobrecarregados.
A campanha do democrata Joe Biden, que busca a reeleição, reagiu rapidamente ao problema técnico, em um tuíte com um link para a sua página de arrecadação de fundos e a legenda: "Este link funciona". No campo republicano, o favorito das primárias, Donald Trump, brincou em sua rede social, Truth Social, publicando: "Meu botão vermelho é maior, melhor, mais forte e funciona", referindo-se a um trocadilho que usou certa vez com o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
A pré-candidatura do governador traz esperança para os republicanos que buscam uma alternativa ao ex-presidente Donald Trump, cujas ideias ele compartilha, mas não os excessos.
DeSantis se perfila como maior rival de Trump na disputa pela nomeação republicana. O vencedor das primárias enfrentará em novembro do próximo ano o candidato escolhido pelo Partido Democrata, muito provavelmente o atual presidente, Joe Biden.
Em entrevista à emissora Fox News após o ocorrido no Twitter, o governador tentou resgatar sua reputação ligada à ordem e competência. "Se você me indicar, prometo que, em 20 de janeiro de 2025, ao meio-dia, serei o cara no lado oeste do Capitólio, com a mão esquerda sobre a Bíblia, e a direita, erguida, prestando juramento como o 47º presidente dos Estados Unidos. Sem mais desculpas, temos que fazê-lo", declarou.
Em 2018, DeSantis, um congressista quase desconhecido, venceu as eleições para governador de forma surpreendente, após contar com o apoio decisivo de Trump.
Montagem com Ron DeSantis (esquerda) e Donald Trump, cuja batalha nas primárias do Partido Republicano pela candidatura à Casa Branca parece dura
Desde então, ele se tornou uma estrela em ascensão na direita dos Estados Unidos, com políticas muito conservadoras em temas como educação, aborto e imigração.
Tais iniciativas deram a ele uma ampla cobertura midiática e uma reeleição triunfal em 2022. Mas a briga pela candidatura republicana revelará se seu novo status no partido é suficiente para superar Trump.
Várias pesquisas registram uma vantagem folgada do ex-presidente sobre o governador, embora os resultados devam ser vistos com cautela, já que ainda faltam meses para as primárias.
A principal diferença entre os dois candidatos reside, sobretudo, em seus comportamentos.
Para muitos, DeSantis, filho de uma família de classe trabalhadora, veterano de guerra e formado em Harvard e Yale, tem um sério déficit de carisma se comparado ao espalhafatoso bilionário do setor imobiliário.
As hostilidades entre eles começaram muito antes da entrada de DeSantis na campanha.
Faz semanas que Trump vem multiplicando as críticas ao seu adversário em suas redes sociais e comícios. DeSantis, por outro lado, tem contra-atacado à sua maneira, de forma mais sutil, destacando o que mais dói para o ex-presidente: sua derrota nas últimas eleições presidenciais para Biden.
“DeSantis precisa desesperadamente de um enxerto de personalidade”, zombou Trump na manhã desta quarta-feira.
As projeções indicam que o governador da Flórida terá um duro embate contra o bilionário nova-iorquino, um homem imune aos escândalos, cujos problemas na Justiça parecem mobilizar ainda mais seus muitos seguidores.
Em sua campanha, DeSantis poderá contar com doações generosas - 110 milhões de dólares (cerca de R$ 545 milhões) até agora - com as quais espera encurtar a distância e inundar o país com anúncios.
Em um vídeo recente do comitê de ação política do governador, um homem cola um adesivo "DeSantis presidente" no capô de um carro, por cima de outro com o slogan "Trump 2016".
O anúncio resume a mensagem que o governador quer transmitir aos eleitores: diante do magnata de 76 anos, DeSantis quer incorporar a nova guarda do Partido Republicano.
Os outros candidatos declarados na corrida republicana - Nikki Haley, Tim Scott, Asa Hutchinson - mal ultrapassam os 5% nas pesquisas de intenção de voto. Tudo aponta para um duelo entre o governador da Flórida e o homem que o impulsionou.