Avião ucraniano: aeronave caiu e todas as 176 pessoas a bordo morreram (Nazanin Tabatabaee/WANA via/Reuters)
Janaína Ribeiro
Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 22h20.
Última atualização em 10 de janeiro de 2020 às 06h50.
São Paulo — Na história da aviação, há registro de pelo menos 32 casos em que aviões civis foram abatidos por tiros ou mísseis, acidentalmente ou não. Coincidentemente com a aeronave ucraniana que caiu logo após decolar de Teerã na última quarta-feira, 08, matando todas as 176 pessoas a bordo, um avião iraniano foi abatido em 3 de julho de 1988.
O voo 655 da Iran Air decolou em Teerã e tinha Dubai como destino. Um míssil superfície-ar atingiu o Airbus A300, matando todos os 290 passageiros a bordo, incluindo 66 crianças. No momento do ataque, a aeronave sobrevoava as águas iranianas, no Golfo Pérsico, em sua rota habitual.
O motivo? Uma disputa entre os governos dos EUA e Irã. De acordo com o governo dos Estados Unidos, a tripulação identificou incorretamente o Airbus como um caça militar fabricado nos EUA que fazia parte do inventário da Força Aérea Iraniana desde os anos 1970.
Para o governo iraniano, o cruzador abateu negligentemente a aeronave. Só em 1996 os dois governos chegaram a um acordo na Corte Internacional de Justiça que incluía a declaração de que os EUA "reconheciam o incidente aéreo como uma terrível tragédia humana expressando profundo pesar pelas mortes causadas."
Nesta quinta-feira, 09, um vídeo foi publicado pelo jornal “The New York Times” mostrando o momento em que o avião ucraniano é atingindo por um míssil no Irã, confirmando as suspeitas de autoridades americanas sobre o caso. Segundo o presidente americano, Donald Trump, a Inteligência americana estaria cada vez mais convencida de que o avião foi derrubado pelo Irã por engano. Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, sugeriu que o Boeing foi “derrubado por um míssil terra-ar iraniano“.
Veja outros casos em que aviões civis foram derrubados:
Voo da Malaysia Airlines
Antes da aeronave ucraniana abatida nesta semana, o último caso registrado foi em 17 de julho 2014. O voo MH17 da Malaysia Airlines foi atingido por um míssil russo. 298 pessoas estavam a bordo, e, segundo relatos, foi como uma chuva de corpos. O acidente é o mais mortal até hoje.
Acidente em Balad
Em 9 de janeiro de 2007, um Antonov An-26 caiu ao tentar pousar na Base Aérea de Balad, no Iraque. Embora o mau tempo seja responsabilizado pelas autoridades, testemunhas afirmam que viram o avião sendo abatido, e o Exército Islâmico no Iraque assumiu a responsabilidade. 34 dos 35 passageiros civis a bordo morreram.
Voo 1812 da Siberia Airlines
Em 4 de outubro de 2001, o voo 1812 da Siberian Airlines, um Tupolev Tu-154, caiu sobre o Mar Negro em rota de Tel Aviv, Israel, para Novosibirsk, na Rússia. Embora a suspeita imediata tenha sido de um ataque terrorista, fontes americanas provaram que o avião foi atingido por um míssil S-200 de superfície ao ar, disparado da península da Crimeia durante um exercício militar ucraniano, o que foi confirmado pelo governo de Moscou. Todos a bordo (66 passageiros e 12 tripulantes) morreram. O Presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, e vários altos comandantes militares expressaram suas condolências aos parentes das vítimas. O governo ucraniano pagou US$ 200.000 em compensação às famílias de todos os passageiros e tripulantes que morreram na queda. Eles pagaram um total de US$ 15 milhões em compensação pelo acidente.
Voo 602 da Lionair
Em 29 de setembro de 1998, o voo 602 da Lionair fazia um trajeto entre Tâmil e Colombo, no Sri Lanka. Mas ele desapareceu com 55 pessoas a bordo. 14 anos depois, em 2012, os destroços foram encontrados. As investigações iniciais mostraram que ele fora abatido por baterias anti-aéreas de rebeldes tâmil.
Ataques de aviões Sukhumi
Em setembro de 1993, três aviões pertencentes à Transair Georgia foram abatidos por mísseis e tiros em Sukhumi, Abkhazia, Geórgia. O primeiro, um Tupolev Tu-134, foi abatido em 21 de setembro de 1993 por um míssil durante o pouso. O segundo avião, um Tupolev Tu-154, foi abatido um dia depois também durante a aproximação. Um terceiro foi bombardeado e destruído no chão, enquanto os passageiros estavam embarcando.
Voo 007 da Korean Airlines
Abatido pela União Soviética em 1 de setembro de 1983, o voo partia de Nova York para Seul, com escala no Alasca. O avião sul-coreano, um Boeing 747, se desviou da rota original e voou por um espaço aéreo proibido. Forças Soviéticas trataram a aeronave não identificada como espiã e destruíram com mísseis. O avião coreano caiu no mar do Japão, perto da ilha de Moneron, a oeste de Sakhalin. Todos os 269 passageiros e tripulantes a bordo foram mortos, incluindo Larry McDonald, um representante dos Estados Unidos da Geórgia. Inicialmente, a União Soviética negou o envolvimento, mas depois admitiu.
Voo 870 do Itavia Airlines
Um voo do Itavia Airlines deveria fazer o trajeto entre Bolonha e Palermo, na Itália, em 27 de junho de 1980 . Porém, a aeronave nunca chegou ao seu destino. Destroços foram encontrados no Mar Tirreno e os 81 passageiros morreram. Até hoje não se sabe como ele foi abatido. Primeiro, pensou-se que uma bomba explodira dentro do avião. Depois, a controvérsia ficou entre jatos de guerra da OTAN e MIGs da Líbia. Mas nunca se descobriu os verdadeiros responsáveis.
Voo 825 da Air Rhodesia
Em 3 de setembro de 1978, o voo 825 da Air Rhodesia, que fazia o trajeto Kariba-Salisbury, foi atingido por mísseis de insurgentes do Zimbábue, que tinham criado o exército Zipra. Na queda, 38 das 56 pessoas a bordo morreram. No solo, os insurgentes foram até o local do acidente e, com armas de fogo, mataram mais dez pessoas que tinham sobrevivido à queda. Oito pessoas conseguiram escapar do massacre.
Meses depois, a tragédia com o voo 825 se repetiu. Em 12 de fevereiro de 1979, outro voo fazia o trajeto Kariba-Salisbury. Os insurgentes do Zimbábue conseguiram derrubá-lo com mísseis Strela 2. Dessa vez, os 59 passageiros morreram.
Voo Libyan Arab Airlines 114
Já em 21 de fevereiro de 1973, o voo 114 da Lybian Arab Airlines voava de Trípoli para o Cairo. Por causa de uma tempestade de areia e um mal funcionamento de equipamentos, o avião perdeu altitude, mudou sua rota e acabou entrando em espaço aéreo ide Israel. Dois jatos israelenses Phantom, pensando que se tratava de um MIG do Egito, abateram a aeronave. Os destroços caíram no deserto do Sinai. 108 pessoas morreram e apenas 5 sobreviveram.