Rei da Espanha e Dilma Rousseff: ações são um modo de apoiar seus importantes vínculos econômicos (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2014 às 13h36.
Madri - Um relatório do centro de estudos espanhol Real Instituto Elcano sobre as relações Espanha-Brasil recomenda reforçá-las para complementar os contatos que já foram feitos no contexto das relações ibero-americanas.
Na apresentação discursaram nesta quinta-feira a Secretaria-Geral Ibero-Americana, Rebeca Grynspan, o embaixador do Brasil na Espanha, Paulo de Oliveira Campos e o secretário de Estado de Cooperação e para região ibero-americana espanhol, Jesús Gracia.
O relatório conclui que a Espanha e o Brasil devem reforçar relações racionais e baseadas em seus interesses, e não tanto em afinidades ideológicas ou sentimentais, como modo de apoiar seus importantes vínculos econômicos.
Os autores do texto recomendam "melhorar os órgãos de coordenação política entre os dois governos, começando pelo nível diplomático".
Através do "apoio das instituições e de diversas administrações", especialmente para contribuir para "a presença cruzada de empresas privadas", não só nos níveis nacionais, mas também regionais e locais, aponta o estudo em seu trecho de propostas.
"Uma das áreas a desenvolver nas relações entre Brasil e Espanha é a possibilidade de colaborar na realização de projetos em terceiros países, tanto de personalidade empresarial como de apoio ao desenvolvimento", aponta, além disso, o relatório.
O documento também estimula que se aprofunde o conhecimento mútuo de ambos os países, na medida em que a espanhola e a brasileira são sociedades que até pouco tempo atrás deram "as costas" uma à outra.
Depois da chegada do investimento espanhol ao Brasil, nos anos 90, "era preciso pôr as relações hispânico-brasileiras no mesmo nível das econômicas", disse Jesús Gracia em seu discurso, na qual lembrou que o Brasil é o país que recebe mais investimento espanhol da América Latina.
Apontou também que "se nos isolamos após as relações ibero-americanas, perde-se em relação bilateral", por isso "é preciso respeitar as especificidades" de cada país da região.
Apesar de considerar que "Espanha e Brasil têm os mesmos valores humanos e sociais", o embaixador do Brasil na Espanha, Paulo de Oliveira Campos, se mostrou crítico com algumas das conclusões do relatório.
Campos afirmou que o Brasil tem a Espanha "como parceira e interlocutora", mas não necessariamente como intermediária perante a União Europeia, já que existem representantes diplomáticos da União no Brasil e vice-versa.
O brasileiro destacou, ainda, que é preciso reconhecer que "no mundo há blocos", e que o objetivo é "trabalhar para aproximá-los", assim como que o Brasil procura "falar de igual para igual" com todos os seus parceiros.
Por sua vez, Rebeca Grynspan ressaltou na importância de "recuperar o conceito de regionalismo aberto", e afirmou que apesar do envolvimento do Brasil em outros projetos de integração, a atitude que percebeu no país durante seu último viagem respeito ao projeto ibero-americano foi "muito calorosa e entusiasta".
Tanto Gracia como de Oliveira afirmaram que nem a situação do Brasil era tão simples em 2009 como projetaram alguns veículos e analistas, nem agora tão negativa ou incerta.
Em geral, os conferentes se mostraram de acordo com que as relações entre ambos os países são "excelentes" mas "podem melhorar", como resumiu o coordenador do estudo, Carlos Malamud.