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Relatório recomenda que EUA ajudem Cuba em suas reformas

O governo norte-americano deve eliminar Cuba de sua 'lista negra' para fomentar o livre mercado na ilha, segundo o Centro para a Democracia nas Américas

A liberação de compra e venda de imóveis em Cuba e a flexibilização das viagens e remessas de cubano-americanos motivariam o investimento no sucesso das reformas (Renato Santiago/Exame.com)

A liberação de compra e venda de imóveis em Cuba e a flexibilização das viagens e remessas de cubano-americanos motivariam o investimento no sucesso das reformas (Renato Santiago/Exame.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2011 às 08h41.

Washington - O governo do presidente Barack Obama deve eliminar Cuba de sua 'lista negra' e apoiar o processo de reformas empreendidas por Havana para fomentar o livre mercado na ilha, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Centro para a Democracia nas Américas (CDA, na sigla em inglês).

O documento avalia as reformas em Cuba e oferece propostas para melhorar as relações entre Washington e Havana.

Para começar, Obama deve 'retirar unilateralmente Cuba da lista terrorista', porque é uma política que prejudica a economia cubana 'ao castigar o comércio e as transações financeiras legais, e privar a população do acesso à tecnologia moderna', manifestou o CDA.

Obama deve emitir ordens executivas 'para facilitar o fluxo de financiamento em Cuba e estimular a demanda' no incipiente setor privado, acrescentou.

Embora apenas o Congresso dos Estados Unidos possa revogar as proibições de viagens turísticas a Cuba - algo improvável no cenário político atual -, Obama 'poderia usar sua autoridade executiva para estabelecer e ampliar categorias' de viagem para certos grupos, entre eles jornalistas e atletas, explicou.

Os EUA devem ainda permitir o acesso de Cuba à ajuda fornecida por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial a países que atravessam transições econômicas, continuou a análise.

O relatório também pediu a eliminação do programa de Cuba da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), visto que promove um esbanjamento de 'milhões de dólares' por ano e, embora tenha sido criado para promover mudanças políticas e econômicas, só aumenta 'a suspeita e a tensão entre os dois governos'.


O CDA, que apoia o fim do embargo, citou como 'fracasso' desse programa a detenção em 2009 do funcionário contratado pelo governo americano Alan Gross.

A possibilidade de compra e venda de imóveis em Cuba, que começa a partir da próxima quinta-feira, e a flexibilização das viagens e remessas de cubano-americanos permitem investir no sucesso das reformas, ressaltou.

No entanto, o documento reconheceu que as reformas 'provavelmente não sejam suficientes' para que esse país possa superar todos seus problemas econômicos e são um reconhecimento dos entraves cubanos derivados das limitações para gerar riqueza, sua dependência nas importações para alimentar a população, uma crescente desigualdade econômica interna e a falta de oportunidades para os cidadãos com altos níveis de educação.

No entanto, o relatório advertiu que a maioria das pessoas da ilha carece de capital ou capacitação para começar ou administrar negócios e, para sobreviver, 'muitos continuarão dependendo do apoio de seus familiares no exterior e possuindo empregos que não são parte da economia formal'.

A substituição dos cartões de racionamento, significa, na prática, que a maioria das famílias cubanas 'terá que trabalhar ainda mais forte para subsistir', segundo o CDA.

A diáspora cubana, especialmente os cubano-americanos, desempenha um crescente papel no fomento do setor privado em Cuba como fonte essencial de capital e materiais, algo que Havana 'está reconhecendo tacitamente', ressaltou.

Os cubanos no exílio não poderão comprar propriedades na ilha porque não residem lá, mas poderão enviar dinheiro a seus parentes para a compra de imóveis.

Estas mudanças, das mais drásticas em mais de meio século, se somam às anunciadas em outubro passado para a compra e venda de veículos, embora o mais provável é que, devido às restrições, a maioria dos cubanos não possa comprar carros novos.

Mesmo assim, Obama e o resto da classe política nos EUA devem reconhecer que as reformas são 'reais' e abrem um espaço ao livre mercado em Cuba, a julgamento do relatório.

'A maior contribuição que nosso país pode fazer agora é demonstrar que queremos que as reformas tenham sucesso, porque queremos que o povo cubano tenha sucesso', afirmou o CDA. 

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