Líder do grupo terrorista Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri: Al Qaeda, diz relatório, é uma marca da qual se apropria quem reivindica um atentado (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 12h43.
Roma - A Al Qaeda continua a ter a força e a capacidade para realizar "ataques de grande e grandíssimo porte". É o que garante o relatório "Rapporto sul terrorismo internazionale di matrice jihadista" (Relatório sobre o terrorismo internacional de matrizes jihadistas, na tradução do italiano), realizado pela Fondazione Icsa e apresentado hoje, 28, na Câmara italiana.
De acordo com o relatório, só na Europa, nos últimos cinco anos, de 15 ações de matrizes jihadistas, 14 foram operadas por terroristas que agiram sozinhos. Na maioria dos casos, por serem originários de países islâmicos, tinham cidadania do país que atacaram ou eram ocidentais convertidos. Neste mesmo período, 14.317 pessoas foram vítimas em atentados terroristas que causaram mais de 15 mortes. A Al-Qaeda, indica o relatório, é mais do que uma rede com franquias, é uma marca da qual se apropria quem reivindica um atentado. É o apelo para que todos os muçulmanos no mundo invistam no grupo. Esta proposta tem reforçado o terrorismo espontâneo, que além de ser mais imprevisível, também faz com que seja mais difícil detectar células individuais e pessoas que agem sozinhas. Terroristas com este perfil, ou seja, privados do background e de ligações específicas com grupos estruturados, estão sujeitos a rápidos processos de radicalização, e entram em ação sem diretrizes determinadas por outros níveis hierárquicos.
As forças qaedistas, prossegue o relatório, tentaram, inclusive, direcionar os rumos dos protestos da Primavera Árabe, tentando inserir-se na dinâmica de transformação. Desta forma, o grupo continua a expressar grande potencial terrorista, como demonstra o recente ataque em Nairobi, no Quênia. Novos santuários do terrorismo jihadista surgiram e se instalaram nas margens do Mediterrâneo. É uma vasta área permeada por interesses econômicos e criminais entre as diversas formações jihadistas. Na localidade, foi criada uma zona de fuga, onde voluntários de diversas localidades, inclusive ocidentais, possam tranqüilamente treinar e organizar ações terroristas de grande porte.
A Itália, país de fronteira e janela principal da Europa, segundo a Fondazione Icsa, pode assumir um papel na linha de frente para transformar a margem sul do Mediterrâneo. O relatório evidencia inclusive o risco para as empresas italianas na área caracterizada por elevados níveis de ameaça terrorista.
Para tanto, foi elaborado um "índice de risco" que mostra em primeiro lugar a Síria, seguida de Somália, Iêmen e Paquistão.
Existe, portanto, a necessidade de uma atividade específica de inteligência para defender "os interesses vitais do país".