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Relator especial da ONU vai se reunir com fundador do WikiLeaks em Londres

O fundador do WikiLeaks pode ser expulso da embaixada do Equador depois que o país denunciou o vazamento de informações privadas de seu presidente

WikiLeaks: Julian Assange deve ser expulso da embaixada do Equador em Londres (Jack Taylor/Getty Images)

WikiLeaks: Julian Assange deve ser expulso da embaixada do Equador em Londres (Jack Taylor/Getty Images)

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AFP

Publicado em 5 de abril de 2019 às 15h34.

Um relator especial da ONU vai se reunir com Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, em 25 de abril, na embaixada do Equador em Londres, anunciou nesta sexta-feira em um comunicado.

Joe Cannataci, relator especial da ONU para o direito ao respeito pela vida privada viajará a Londres, enquanto o Equador denunciou nesta sexta a divulgação pelo Wikileaks de fotos, vídeos e conversas privadas do presidente equatoriano Lenin Moreno.

"Esta reunião vai ajudar a determinar se há prima facie um caso de violação de privacidade que demande mais investigações", afirma o comunicado da ONU, sem especificar qual caso está em questão.

Cannataci também pede "informações adicionais do governo (do Equador) sobre uma queixa apresentada pelo presidente do Equador, citando uma violação de sua privacidade pela publicação de dados pessoais obtidos ilegalmente por um site envolvido no que é chamado escândalo 'INA papers'", ressalta o comunicado.

WikiLeaks informou em sua conta no Twitter que, de acordo com uma "fonte importante" do governo equatoriano, Assange seria "expulso" em "questão de horas ou dias", devido à publicação por este site dos dados privados do presidente Lenin Moreno.

Quito disse que não responderia a "rumores insultuosos" acusando-o de querer retirar o asilo concedido a Julian Assange.

Ao mesmo tempo, outro especialista da ONU, em uma declaração separada, expressou preocupação com essa possível expulsão.

Sobre o assunto, o relator especial da ONU sobre a tortura, Nils Melzer, afirmou que "se Assange for expulso da embaixada equatoriana, poderá ser preso pelas autoridades britânicas e extraditado para os Estados Unidos".

"Tal resposta poderia expô-lo a um risco real de graves violações de seus direitos fundamentais, incluindo sua liberdade de expressão e seu direito a um julgamento justo", estimou o relator.

"É por isso que exorto o governo do Equador a abster-se de expulsar Assange de sua embaixada em Londres ou suspender seu asilo político até que a proteção integral de seus direitos fundamentais seja garantida", acrescentou.

O fundador do Wikileaks está refugiado na embaixada equatoriana em Londres desde 2012 para evitar ser preso.

Desde outubro do ano passado, Quito aplica um protocolo que regula as visitas, comunicações e condições sanitárias na embaixada, em resposta ao que o governo considera como interferência constante pelo fundador do WikiLeaks nos assuntos internos do Equador e de outros países.

O documento afirma que o não respeito de suas regras levará à "interrupção do asilo".

Lenin Moreno afirmou na terça-feira que Julian Assange "cometeu reiteradas violações" do acordo de asilo. Ele também reafirmou que o seu governo continuava "a buscar uma solução" para a situação do australiano de 47 anos.

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