Vladimir Putin: presidente russo já disse que não entregará Snowden para os EUA, mas que ele só poderá permanecer em território russo se parar de fazer revelações prejudicais a Washington (REUTERS/Alexander Demianchuk)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2013 às 09h27.
Chita - O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro na quarta-feira que não permitirá que a polêmica envolvendo o ex-técnico de inteligência Edward Snowden abale as relações do seu país com os Estados Unidos.
Snowden, que revelou programas secretos de espionagem do governo norte-americano, está instalado desde 23 de junho na ala de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, onde espera conseguir asilo temporário na Rússia, para depois viajar para algum país que o receba permanentemente.
Os EUA querem que ele seja devolvido para responder criminalmente por acusações de ameaçar a segurança nacional.
A concessão de asilo, mesmo que temporário, deve indispor os EUA contra a Rússia. Por outro lado, uma recusa exporia Putin a críticas domésticas por não se contrapor ao ex-inimigo da Guerra Fria.
O presidente russo já disse que não entregará Snowden para os EUA, mas que ele só poderá permanecer em território russo se parar de fazer revelações prejudicais a Washington.
Questionado durante visita a Chita, no leste da Rússia, sobre possíveis consequências do caso para a cúpula Rússia-EUA marcada para setembro em Moscou, Putin disse a jornalistas: "As relações bilaterais são, na minha opinião, bem mais importantes do que rixas a respeito das atividades dos serviços secretos." Putin não revelou se a Rússia irá mesmo conceder asilo temporário a Snowden, mas deixou claro que ele mantém sua pré-condição. "Alertamos o sr. Snowden de que qualquer ação por parte dele que cause danos às relações russo-americanas são inaceitáveis para nós", disse Putin.
Segundo ele, a decisão russa sobre Snowden será tomada de forma independente, mas manter boas relações com Washington é também um "objetivo nacional".
Snowden é uma arma de propaganda útil para Putin, que acusa o governo norte-americano de passar sermões ao mundo sobre direitos e liberdades, mas sem preservá-los internamente.
Por outro lado, Putin deseja manter a cúpula com Obama, e os dois países sinalizam a intenção de melhorar suas relações, abaladas por questões como o conflito sírio e o tratamento rigoroso dispensado por Putin a seus oponentes desde o início do seu terceiro mandato presidencial, em 2012.
Um advogado russo que auxilia Snowden com seu pedido de asilo temporário disse na quarta-feira que o norte-americano deverá em breve poder deixar o aeroporto. Sem passaporte e sem visto válido, ele está retido na ala de trânsito desde que chegou de Hong Kong, para onde havia fugido antes de fazer as denúncias.