A premiê britânica Theresa May (Toby Melville/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 14 de março de 2018 às 10h05.
Última atualização em 14 de março de 2018 às 10h53.
São Paulo – O Reino Unido irá expulsar 23 diplomatas da Rússia presentes no país em retaliação ao ataque com agente nervoso contra o ex-agente duplo Sergei Skripal, de 66 anos. O anúncio foi feito pela primeira-ministra britânica Theresa May nesta quarta-feira.
Além dessa medida, que May classificou como a maior expulsão já conduzida pelo governo do Reino Unido em 30 anos, a chanceler anunciou ao Parlamento que irá congelar bens do governo russo que possam parecer suspeitos e irá diminuir a presença oficial na Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá em poucos meses na Rússia.
A substância usada nesse ataque, consideraram os britânicos, o poderoso agente neurotóxico "Novichok", só seria fabricado pelos russos, numa evidência de que estariam envolvidos no atentado que também afetou a filha de Skripal e um policial. As vítimas seguem hospitalizadas.
A chanceler cobrou ainda que aliados questionassem o programa químico da Rússia e o uso ilegal de substâncias como o agente nervoso que afetou Skripal. A França já se manifestou sobre o tema, reiterando ser aliado histórica dos britânicos e classificando o caso do envenenamento como "muito sério".
Na última terça-feira, a ministra de Interior britânica, Amber Rudd, disse que a polícia e os serviços secretos MI5 investigarão outras denúncias que relacionam à Rússia com 14 mortes ocorridas no país nos últimos anos.
As represálias vem depois de o Reino Unido ter dado um ultimato ao governo da Rússia para que explicasse se conduziu o ataque ou se perdeu o controle sobre a substância que envenenou Skripal, ex-agente duplo, e sua filha Yulia, de 33 anos, no último dia 4 de março. Eles foram encontrados por um policial, também contaminado, em um parque na cidade de Salisbury.
A Rússia negou qualquer envolvimento e disse que não responderia nenhum ultimato. Pediu, ainda, que o governo britânico enviasse amostras da substância para Moscou, acusando os britânicos de estarem violando a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas, tratado do qual ambos são signatários.
Nascido em 23 de junho de 1951, Skripal trabalhou até 1999 no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. De 1999 a 2003, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país.
Em 2004, foi detido e acusado de “alta traição” por ter repassado informações sobre as identidades de agentes secretos russos que trabalhavam na Europa para o serviço de inteligência britânico, o MI-6, em troca de US$ 100 mil.
Condenado a 13 anos de prisão, ele ficou preso até 2010. Depois de receber perdão do então presidente Dmitri Medvedev, foi incluído na maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria. Vivia na Inglaterra desde então.