David Cameron avisa que o Reino Unido impedirá entrada no país de britânicos que aderiram ao Estado Islâmico (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2014 às 12h40.
Camberra - Em discurso no Parlamento australiano, hoje (14), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, revelou que o Reino Unido estabelecerá leis mais rigorosas para lidar com cidadãos britânicos que lutam pelo Estado Islâmico, na Síria e no Iraque.
A expectativa é de que a proposta seja apresentada ainda este mês, para que passe a valer já em 2015.
Cameron, que está na Austrália para participar da cúpula do G20 (grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento), explicou que novos poderes serão dados à polícia para impedir que cidadãos britânicos, envolvidos com o jihadismo, retornem ao país.
“Poder para apreender passaportes e parar suspeitos, inclusive cidadãos britânicos retornando ao Reino Unido, a menos que o façam de acordo com nossos termos”, explicou o premiê.
Suspeitos de envolvimento com o jihadismo, incluindo jovens com idade inferior a 18 anos, que viajaram para a Síria, serão impedidos de retornar ao Reino Unido por dois anos e só entrarão novamente se concordarem em enfrentar julgamento, detenção e monitoramento policial, além de terem que se engajar em ações antiterroristas.
Passaportes podem ser apreendidos por até 30 dias e mais de uma vez, se for necessário. Enquanto estiver com o passaporte apreendido, a pessoa entrará na lista dos não autorizados a voar.
A nova lei objetiva fazer com que as companhias aéreas respeitem as listas de exclusão, impedindo o embarque de passageiros não autorizados a voar e obrigando-as a se adequarem às medidas de rastreio a serem implementadas a partir da lei.
A ameaça de grupos extremistas islâmicos é uma preocupação constante no Reino Unido desde 2005, quando quatro homens-bomba, que tinham cidadania britânica, promoveram ataques que mataram mais de 50 pessoas em Londres.
Com o crescente número de europeus migrando para a Síria e o Iraque, para lutar pelo Estado Islâmico, a tensão aumentou.
Estimativas da União Europeia apontam que mais de 3 mil cidadãos europeus se juntaram às fileiras extremistas na Síria e no Iraque. Pelo menos 500 deles são de origem britânica. A maior proporção é de jovens com idade entre 16 e 21 anos.
“Precisamos banir pregadores extremistas de nossos países. Precisamos erradicar o extremismo de nossas escolas, universidades e prisões. Ao fazê-lo, temos que trabalhar junto com a esmagadora maioria dos muçulmanos que abominam essa distorcida narrativa extremista que tem seduzido jovens de nosso povo. Temos que continuar a celebrar o Islã como uma grande religião pela paz mundial”, ressaltou Cameron.