Terrorista: suspeito é pai de quatro filhos, que morou no bairro londrino de Walthamstow, e fugiu para a Síria em 2014 (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 11h14.
Os serviços de inteligência acreditam que o homem que dirige a execução de cinco pessoas no último vídeo do Estado Islâmico (EI) e que ameaça o Reino Unido é o britânico Siddhartha Dhar, informou a BBC nesta terça-feira.
Uma fonte oficial britânica sem se identificar disse à BBC que "muita gente acredita que é ele", e que esta é a principal linha de investigação.
Um porta-voz do governo declarou que estão "trabalhando na análise do conteúdo e das pessoas no vídeo" e que é improvável que os serviços de segurança anunciem a identidade do suspeito, que no vídeo aparece coberto, apenas com os olhos e um pouco do nariz à mostra.
Segundo a imprensa britânica, Dhar é pai de quatro filhos, proveniente do bairro londrino de Walthamstow e fugiu para a Síria em 2014, quando estava em liberdade condicional por incitar o terrorismo.
Dhar era hindu até sua conversão ao islã e era proprietário de uma empresa de aluguel de castelos infláveis. A imprensa britânica o descreveu como um torcedor da equipe de futebol Arsenal e fã do grupo de rock Nirvana, além de não ser avesso ao álcool.
No vídeo, o homem, com sotaque britânico, se dirige ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, a quem chama de imbecil.
"Esta é uma mensagem para David Cameron, primeiro-ministro britânico: é surpreendente ouvir um líder insignificante como você desafiar o poder do Estado Islâmico", afirma, antes da execução de cinco homens, acusados pelo EI de espionar para Londres.
No entanto, a irmã de Dhar disse não estar certa de que seja ele.
"A voz da filmagem parecia soar como a do meu irmão, mas isso é o mais longe que iria, no que se refere ao físico, visualmente, o que vi não me convence de que seja ele", disse Konika Dhar.
"Além disso, a comoção e o horror da execução... ele nunca faria isso. Podem me chamar de ingênua, ou dizer que nego os fatos, mas não acredito que seja ele", acrescentou.
O Reino Unido participa dos bombardeios contra o EI na Síria e no Iraque e "não se acovardará nunca diante deste tipo de terrorismo", respondeu Cameron.
Menino do vídeo
Ao mesmo tempo, ao menos 700 britânicos partiram à Síria e ao Iraque para se somar às fileiras jihadistas, segundo estimativas oficiais citadas pela BBC, entre elas várias mulheres que acabaram casadas com jihadistas.
De fato, ao fim do vídeo é apresentado um menino com vestes militares e com a clássica faixa preta na testa utilizada pelos militantes do EI, que foi identificado como o filho de uma britânica que viajou à Síria em 2012 pelo pai dela.
No vídeo, o menino afirma: "vamos matar os infiéis ali", referindo-se ao Reino Unido.
O menino, batizado como "Jihadista Junior" pela imprensa britânica, "não sabe nada, estão utilizando-o como escudo", afirmou o homem que acredita ser seu avô à televisão Channel 4.
Uma porta-voz do conselho local de Lewisham, o bairro londrino da mulher que fugiu à Síria, disse não poder "confirmar a identidade do menino do vídeo".
"O conselho está em contato com a polícia e nos preocupa a sugestão de que existe um vínculo entre estes atos violentos desprezíveis e nossa comunidade", acrescentou a funcionária.
Em novembro, os Estados Unidos anunciaram ter matado em um bombardeio na Síria outro jihadista britânico assíduo dos vídeos do Estado Islâmico, Mohammed Emzawi, conhecido como "John o jihadista", famoso por ter decapitado vários reféns ocidentais.
Texto atualizado às 12h13.