União Europeia: proposta é parte de uma estratégia do bloco para salvar o acordo assinado por potências mundiais para reduzir a capacidade de Teerã de desenvolver armas nucleares (Jonathan Brady/Getty Images)
Reuters
Publicado em 16 de março de 2018 às 15h48.
Última atualização em 16 de março de 2018 às 16h03.
Bruxelas/Paris - Reino Unido, França e Alemanha propuseram novas sanções da União Europeia contra o Irã por conta dos mísseis balísticos do país e por seu papel na guerra da Síria, de acordo com um documento confidencial, na tentativa de convencer os Estados Unidos a preservarem o acordo nuclear assinado em 2015 com Teerã.
O documento conjunto, visto pela Reuters, foi enviado às capitais da União Europeia nesta sexta, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto, para avaliar o apoio a essas sanções, já que elas teriam de ter o respaldo de todos os 28 governos do bloco.
A proposta é parte de uma estratégia da UE para salvar o acordo assinado por potências mundiais para reduzir a capacidade de Teerã de desenvolver armas nucleares, principalmente para mostrar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que há outros caminhos para conter o poder iraniano no exterior.
Trump deu um ultimato aos signatários europeus no dia 12 de janeiro, afirmando que eles têm de "consertar as falhas terríveis do acordo nuclear com o Irã", que foi fechado no governo de seu antecessor Barack Obama, ou se recusaria a ampliar o alívio das sanções dos EUA ao Irã.
"Portanto circularemos nos próximos dias uma lista de pessoas e entidades que acreditamos que devem ser visadas em virtude de seus papéis demonstrados publicamente", informou o documento, referindo-se aos testes de mísseis balísticos iranianos e ao papel de Teerã no apoio ao governo da Síria na guerra civil de sete anos.
Analistas dizem que o acordo nuclear, louvado à época como um avanço que reduzia o risco de uma guerra mais ampla e devastadora no Oriente Médio, pode desmoronar se Washington se retirar.
O documento informa que Reino Unido, França e Alemanha estão envolvidos em "conversas contínuas com o governo Trump para chegar a uma reafirmação clara e duradoura do apoio dos EUA ao acordo (nuclear) para além de 12 de maio".
As potências europeias e os EUA fizeram várias rodadas de conversas sobre o tema nesta semana, disseram diplomatas.
O documento se refere a sanções que "mirariam milícias e comandantes" e propõe aprofundar uma lista de sanções já existentes da UE para a Síria, que inclui proibições de viagem e congelamento de bens de indivíduos, e uma proibição à realização de negócios ou ao financiamento de empresas públicas e privadas.
A questão é altamente delicada porque o pacto de 2015 entre o Irã e o chamado P5+1 - Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e EUA - suspendeu sanções internacionais que prejudicavam a economia iraniana dependente do petróleo.
Embora a UE tenha mantido algumas sanções aos iranianos devido a abusos de direitos humanos, rescindiu suas restrições econômicas e financeiras ao regime em 2016 e não quer que se acredite que está renegando o acordo.
O Irã aceitou os limites impostos às suas atividades de enriquecimento de urânio, que vem dizendo repetidamente visarem a geração pacífica de energia, e não bombas atômicas, mas se recusou a debater seu programa de mísseis, que afirma ser puramente defensivo.
A República Islâmica refutou asserções ocidentais segundo as quais suas atividades no Oriente Médio são desestabilizadoras, e também rejeitou as exigências de Trump para renegociar o pacto nuclear.
No comunicado conjunto, Reino Unido, França e Alemanha exibiram perguntas e respostas que tentam mostrar que, legalmente, as potências europeias não estariam violando os termos do acordo. O texto disse que elas estão "autorizadas a adotar sanções adicionais contra o Irã" contanto que estas não tenham relação com a questão nuclear ou tenham sido suspensas anteriormente em cumprimento do acordo nuclear.