Brexit: o debate será a última grande oportunidade de convencer os indecisos, que superam 10% de acordo com as pesquisas (Reprodução/EXAME.com/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2016 às 11h08.
A campanha do referendo sobre a permanência britânica na União Europeia (UE) terá nesta terça-feira seu último debate, precedido pela advertência do investidor George Soros sobre um dia sombrio nos mercados em caso de Brexit.
Milhares de pessoas devem acompanhar nesta terça-feira no pavilhão da Wembley Arena de Londres o debate, organizado e transmitido pela BBC a apenas dois dias do referendo de 23 de junho.
O ex-prefeito de Londres Boris Johnson defenderá a saída da UE (opção conhecida como Brexit) em um debate com seu sucessor no comando da capital inglesa, o trabalhista Sadiq Khan.
O debate será entre equipes. Johnson terá a seu lado a deputada trabalhista Gisela Stuart e a ministra da Energia, Andrea Leadsom. Khan terá como companheiras a líder dos conservadores escoceses, a carismática Ruth Davidson, e Frances O'Grady, secretária-geral da Trades Union Congress, a grande confederação sindical.
O debate começará às 20H00 (16H00 de Brasília) e será a última grande oportunidade de convencer os indecisos, que superam 10% de acordo com as pesquisas.
A advertência mais recente veio do magnata George Soros, que fez uma fortuna ao apostar contra a libra em 1992. Ele previu uma "sexta-feira negra" nos mercados mundiais se o Brexit triunfar, assim como o empobrecimento dos britânicos.
"O valor da libra cairá de forma vertiginosa, pelo menos 15%", afirma o magnata americano de 85 anos em um artigo publicado no jornal The Guardian.
"A ironia, neste caso, é que uma libra valeria aproximadamente um euro, uma forma de 'unir-se ao euro' que ninguém desejaria no Reino Unido", completou Soros.
O investidor de origem húngara também adverte para a queda dos preços da habitação, perdas de postos de trabalho e uma eventual recessão.
As Bolsas e a libra perderam nesta terça-feira o estímulo das duas sessão anteriores, quando registraram altas expressivas graças à convicção de que a permanência na UE seria vitoriosa no referendo.
Na segunda-feira, uma pesquisa publicada pelo jornal Daily Telegraph mostrou 49% das intenções de voto para a permanência e 47% para a saída da UE. Uma sondagem do instituto YouGov para o Times mostra apoio de 44% ao Brexit e 42% para os partidários da continuidade.
Nas casas de apostas, no entanto, a permanência na UE vence de goleada, 78% a 22%.
Beckham e 96 reitores pedem voto a favor da UE
A UE recebeu o apoio do ex-jogador de futebol David Beckham, que foi capitão da seleção inglesa, e que defendeu a permanência ao recordar sua passagem por Real Madrid, Milan e Paris Saint-Germain, assim como os colegas europeus de seu período no Manchester United.
O Manchester United teve "mais êxito graças a um goleiro dinamarquês, Peter Schmeichel, a liderança de um irlandês, Roy Keane, e a habilidade do francês Eric Cantona", escreveu em uma mensagem divulgada em sua página no Facebook.
"Vivemos em um mundo vibrante e conectado, no qual unidos somos mais fortes. Por nossos filhos e os filhos de nossos filhos deveríamos enfrentar os problemas do mundo juntos, e não sozinhos. Por estas razões, votarei a favor da permanência na UE", concluiu.
Beckham se une assim à escritora J.K.Rowling, o empresário Richard Branson e os atores Ian McKellen e Idris Elba na lista de personalidades a pedir voto a favor da UE.
Do outro lado, os atores Michael Caine, John Cleese e o cantor Roger Daltrey pedem voto pela saída do bloco europeu.
Além disso, 96 reitores de universidades britânicas defenderam a permanência na UE.
"O isolamento do maior bloco econômico do mundo afetaria nossa posição como líder mundial em ciência e educação", afirmam em uma carta publicada pelo jornal The Independent.
O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, criticou a decisão do primeiro-ministro David Cameron de organizar o referendo.
"É um erro, abrimos a caixa de Pandora", declarou na segunda-feira à noite.
"Estou convencido de que o Brexit não vai triunfar, estou convencido de que os britânicos serão racionais", completou.
Guindos pediu que a situação não se repita porque "pode ter efeitos em outros países nos quais o populismo avança de forma muito rápida".
O ministro disse que na própria convocação da consulta há um "componente de populismo". Para ele, se os britânicos optarem por sair da UE "seria um fracasso político" de Cameron.