Boris Johnson: premiê britânico vem sendo pressionado a impor novas restrições de circulação (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2020 às 12h30.
Última atualização em 14 de outubro de 2020 às 12h33.
O governo britânico está sendo pressionado a implementar um "circuit breaker" contra o coronavírus. Mas o plano nada tem a ver com a Bolsa de Valores de Londres ou com o FTSE 100, o principal índice de ações do país.
Cientistas e políticos da oposição têm pressionado o governo do premiê Boris Johnson a implementar uma pequena quarentena, com restrições mais rígidas à circulação de pessoas, mas por um curto período de tempo -- somente para estancar a crise por ora.
Por isso, o termo "circuit breaker", tradicional dos mercados financeiros, vem sendo usado pelos próprios defensores das restrições no Reino Unido. Na bolsa, quando as ações começam a cair de forma muito acentuada em um mesmo dia, as negociações são congeladas por alguns minutos. É um mecanismo de defesa contra o "efeito manada" e a volatilidade.
Cada bolsa tem suas regras, mas, no Brasil, o "circuit breaker" é acionado pela primeira vez quando o Ibovespa recua mais de 10% -- se, na volta, continuar caindo acentuadamente, outras interrupções podem acontecer.
É esse paralelo e o desejo de estancar o aumento brusco de casos que têm feito os britânicos usarem o termo para se referir ao coronavírus.
Nesta terça-feira, o líder do Partido Trabalhista, oposição no Reino Unido, Keir Starmer, escreveu no Twitter que "precisamos de um circuit break para concertar os testes, proteger o NHS [sistema de saúde britânico] e salvar vidas".
We need a circuit break to fix testing, protect the NHS and save lives.#PMQs pic.twitter.com/mtXWgHOW0E
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) October 14, 2020
Partes do Reino Unido com alto número de casos já estão em pequenos lockdowns locais. O país vem tendo mais de 10.000 ou 15.000 casos diários de covid-19 por dia, número superior ao pico da crise, em março, abril e maio.
O número de mortes diminuiu, e está em menos de 150 novas vítimas por dia. Ainda assim, o aumento de casos invarivalmente levará a novos óbitos, o que preocupa o governo em meio à segunda onda da doença em toda a Europa.
Apesar da pressão, o governo de Boris Johnson tem sido reticente em implementar um novo lockdown devido aos danos econômicos.
No começo da crise do coronavírus, em março e abril, o Reino Unido chegou a ficar em lockdown completo por mais de dois meses.