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Reino Unido ameaça suspender autonomia da Irlanda do Norte

A possibilidade voltou a ser cogitada a poucas horas de terminar o prazo para que os partidos norte-irlandeses formem um Executivo de poder compartilhado

Irlanda do Norte: a província britânica passaria a ser governada diretamente por Londres (Clodagh Kilcoyne/Reuters)

Irlanda do Norte: a província britânica passaria a ser governada diretamente por Londres (Clodagh Kilcoyne/Reuters)

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EFE

Publicado em 28 de junho de 2017 às 11h57.

Londres - O Governo do Reino Unido advertiu nesta quarta-feira que o fracasso dos partidos norte-irlandeses para formar um Executivo de poder compartilhado terá consequências "profundas e sérias" para a província britânica.

A poucas horas de terminar o prazo dado para que as formações cheguem a um acordo, o ministro britânico para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, voltou a apresentar a opção de suspensão da autonomia, que passaria a ser governada diretamente por Londres, ou a convocação de novas eleições regionais, quatro meses depois da última reunião nas urnas.

"Os nossos esforços se centram para que seja restaurado o Executivo (de Belfast) e deixei claro que obviamente haverá consequências profundas e graves nesse sentido", disse o ministro no Parlamento de Westminster.

O pró-britânico Partido Democrático Unionista (DUP) e o nacionalista Sinn Féin, os mais votados nas passadas eleições, negociam hoje para pactuar seus candidatos ao posto de ministro e vice-ministro principal do Governo de poder compartilhado entre protestantes e católicos.

O Sinn Féin, antigo braço político da já inativa IRA, acusa os unionistas de se opor à introdução de leis que protejam a língua gaélica, de permitir o casamento homossexual e de velar pelos direitos de outras minorias da província.

Ambas as formações também discordam sobre o legado do passado conflito e os mecanismos para investigar os crimes cometidos tanto pelos paramilitares como pelas forças de segurança durante esse período.

Além disso, os republicanos se negam a compartilhar governo com o DUP enquanto investiga o papel desempenhado por seu líder e ex-ministra principal Arlene Foster em um caso de corrupção detectado na política de energias renováveis durante a passada legislatura.

Este escândalo financeiro levou o vice de Foster, o histórico dirigente do Sinn Féin Martin McGuinness, já morto, a apresentar sua demissão em janeiro, o que obrigou Londres a convocar eleições dois meses depois.

O DUP, por sua vez, acusa os nacionalistas de "dramatizar a situação" e deixou entrever que poderia ceder perante certas demandas se o Sinn Féin eliminar p veto a Foster.

O chefe negociador unionista, Edwin Poots, insistiu que a prioridade agora é formar governo o mais rápido possível para começar a "distribuir o dinheiro" que o DUP recebeu "com sucesso do Governo" do Reino Unido.

O dirigente protestante fazia referência aos fundos extraordinário concedidos pela primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, em troca do apoio dos parlamentares do DUP em Londres, fundamental para se manter no poder após perder a maioria nas eleições gerais de 8 de junho.

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