O rei da Espanha, Juan Carlos: nos últimos anos, a família real espanhola atravessou uma crise que afetou sua imagem. (Allison Joyce/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de janeiro de 2013 às 15h56.
Madri - O rei Juan Carlos I da Espanha completa 75 anos no sábado, quando deverá realizar uma reunião intimista e, nesta sexta-feira, lembrará momentos de destaque de seu reinado em uma longa entrevista na televisão pública.
O monarca não preparou nenhuma comemoração oficial e no domingo, prevê retomar sua atividade pública no Palácio Real por conta da Páscoa Militar.
Na última das poucas entrevistas que concedeu aos jornalistas em seus 37 anos de reinado, o rei afirmou estar "em boa forma", segundo antecipou a "Rádio Televisão Espanhola" (RTVE), que será transmitirá a entrevista às 22h local (19h, horário de Brasília), na faixa horária de maior audiência na Espanha.
Após essa conversa do rei com o veterano jornalista Jesús Hermida, que tem a mesma idade que o chefe de Estado espanhol, a RTVE transmitirá um programa no qual aparecerão 30 personalidades da política, do mundo das artes, do esporte e da ciência que falarão sobre a figura do monarca e de seu legado.
Também por conta do aniversário do rei, a Agência Efe publicou o livro "75 anos, 75 fotos" que percorre a vida do monarca através de uma seleção de imagens, algumas delas desconhecidas, dos distintos períodos da vida de Juan Carlos I.
O livro é resultado de uma cuidadosa seleção entre as 20 mil fotografias do rei que constam no Arquivo Gráfico da Efe e abre com uma imagem dedicada à Agência pelo próprio Juan Carlos I, na qual aparece junto a seu pai, Don Juan, e seu filho, o príncipe das Astúrias.
Por sua vez, a Casa do Rei colocou à disposição dos meios de imprensa interessados em comemorar a data um CD que conta com uma seleção de 56 fotos do monarca, 38 delas procedentes do Arquivo Gráfico da Agência Efe, que abragem os distintos períodos de vida de Juan Carlos I, desde sua infância em Estoril (Portugal) até 2012.
A última imagem mostra o rei junto ao chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e seus três últimos antecessores no cargo - José Luis Rodríguez Zapatero, José María Aznar e Felipe González - em foto tirada em 16 de janeiro de 2011 no Palácio Real, durante a solene cerimônia na qual concedeu o Colar da Ordem do Tosão de Ouro ao então presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Este aniversário é, além disso, o primeiro desde o novo site oficial da Casa do Rei, que permite uma comunicação interativa com os cidadãos, e do canal do YouTube "CasaRealTV", que em suas primeiras duas semanas recebeu mais de 270 mil visitas, especialmente para reproduzir o último discurso do dia 24 de dezembro e o primeiro e já distante de 1975.
Há cinco anos, Juan Carlos I festejou seu 70ª aniversário em uma reunião privada, mas quatro dias depois convidou quase 500 pessoas, a maioria delas figuras de destaque nas três décadas de seu reinado, para um jantar oficial no Palácio do Pardo, em Madri, no qual esteve acompanhado de toda sua família.
Entre os convidados para a celebração estavam o conservador Manuel Fraga e o comunista Santiago Carrillo, dois políticos radicalmente combatidos durante o franquismo e cuja reconciliação simbolizou de duas Espanhas divididas pela Guerra Civil.
Ambos os políticos falecerem no ano passado, com oito meses de diferença, e a Corte mostrou proximidade e solidariedade nos dois casos perante o luto: o príncipe das Astúrias presidiu o funeral de Fraga em janeiro e o monarca e sua esposa, a rainha Sofía, fizeram uma visita à casa de Carrillo afim de consolar a família do líder comunista.
Poucos meses depois daquele jantar no Pardo em 2008, a última celebração oficial de uma aniversário do rei, a Espanha entrou em recessão e, desde então, a crise econômica condicionou a vida do país e suas instituições, entre elas a Corte, que passou a dedicar uma parte fundamental de suas atividades a apoiar os setores mais afetados e promover empregos e crescimento.
Nos últimos anos, a família real espanhola atravessou algumas adversidades e uma crise que afetaram sua imagem, que paulatinamente foi sendo recuperada.
A última polêmica foi gerada em abril de 2012 por conta de uma viagem do rei a Botsuana para participar da caça de elefantes e onde fraturou o quadril durante uma queda. A crise foi instaurada até o pedido de desculpas público do monarca.
A fratura obrigou o rei a passar por uma intervenção cirúrgica, que foi seguida por uma extirpação de um nódulo pulmonar benigno em maio de 2010 e duas operações de menor importância ao longo de 2011, para implantar uma prótese no joelho direito e solucionar uma ruptura do tendão de aquiçes no pé esquerdo.
Em todas essas ocasiões, Juan Carlos I afrontou os debates sobre sua saúde com contínuas demonstrações de que podia retomar com suas tarefas frequentes e, quando os médicos o aconselharam a passar por outro cirurgia no quadril, decidiu adiar a operação para poder cumprir seus compromissos como anfitrião da Cúpula Ibero-Americana de novembro, que foi realizada na cidade de Cádiz.