Mundo

Rei Alberto II diz adeus aos belgas pedindo união

A Bélgica pode "olhar para o futuro com confiança" pois ela "encontrou um novo fôlego tanto no plano interior quanto europeu" , declarou no discurso

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2013 às 16h34.

O rei Alberto II da Bélgica se despediu hoje de seus súditos pedindo "coesão" face às profundas divisões entre valões e flamengos e "acolhida" a seu filho mais velho, Philippe, que subirá ao trono do país neste domingo, durante a festa nacional.

Após 20 anos de reinado, Alberto II fez um último discurso sério e otimista. A Bélgica pode "olhar para o futuro com confiança" pois ela "encontrou um novo fôlego tanto no plano interior quanto europeu" ao longo dos últimos anos, declarou no discurso televisionado.

Aos 79 anos, Alberto II é o primeiro monarca belga a optar pela abdicação, passando o bastão para o filho mais velho, Philippe, de 53 anos, que deve lidar com a insegurança de parte da população belga.

Em seu discurso, Alberto II pediu aos belgas "que cerquem o futuro rei" e "a futura rainha Mathilde" com sua "colaboração ativa" e seu "apoio". "Eles foram um excelente casal a serviço de nosso país e têm toda minha confiança", garantiu.

O rei, cujo reinado foi marcado por duas grandes crises políticas entre flamengos e francófonos, reconheceu que a Bélgica nem sempre "foi fácil de governar". Felizmente, "o dever do compromisso construtivo" da maior parte de seus líderes políticos permitiu que ele ultrapassasse barreiras e se transformasse "num Estado unitário e um Estado federal".

"Estou convencido de que a manutenção da coesão do nosso estado federal é vital, não somente pela qualidade de nossa vida (...) mas também pela preservação de nosso bem-estar geral", disse.

A mensagem foi particularmente dirigida à região de Flandres, que reúne quase 60% da população belga e cuja primeira força política está nos separatistas, que devem ter uma significativa participação durante as eleições legislativas de 2014.

As festividades começarão durante a noite deste sábado, quando a família real deve ir ao baile nacional no bairro popular de Marolles em Bruxelas.

No domingo, a realeza belga terá um dia movimentado, pautado por dois momentos fortes e acompanhados ao vivo pelas televisões. Às 10h30 (5H30 de Brasília), Albert assinará solenemente o ato oficial de abdicação diante de 250 convidados reunidos no palácio.

Uma hora e meia mais tarde, Philippe prestará juramento nas três línguas oficiais da Bélgica -- holandês, francês e alemão -- diante de senadores e deputados reunidos. Ele usará, como manda a tradição, um uniforme militar e ficará sentado num trono mas não usará nem coroa, nem cetro, atributos reais não adotados pela Bélgica.

Na primeira fila estarão sentados os quatro filhos de Philippe e Mathilde, entre eles a princesa Elisabeth, que terá o título, aos 12 anos, de herdeira do trono.

O casal real irá até a varanda do palácio antes de assistir ao tradicional desfile militar e às centenas de manifestações populares que tomarão conta do centro de Bruxelas.

"Terá um quê de 'rei normal' neste dia", resumiu neste sábado o jornal Le Soir, ressaltando a dimensão modesta desta passagem de poder "no meio do povo (...) sem frescuras, do nosso jeito, entre o sério e o descontraído". De fato, o custo da cerimônia, avaliado em 600.000 euros, é apenas um pouco mais elevado do que o de uma festa nacional corriqueira.

Nenhum monarca estrangeiro foi convidado, tradição de um país onde "o rei presta juramento diante da nação representada pelo parlamento", informou o porta-voz do premier belga, Elio Di Rupo.

Mesmo não estando presentes, outras nações já começaram a enviar mensagens de felicitação. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, homenageou Alberto II, que "serviu o povo belga de forma admirável durante 20 anos de reinado".

Acompanhe tudo sobre:BélgicaEuropaPaíses ricos

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde