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Regime sírio pode ter usado armas químicas recentemente

Seis bombardeios realizados por helicópteros do governo teriam lançado barris de explosivos que supostamente continham botijões de gás


	Algumas testemunhas afirmaram as explosões cheiravam a cloro; no passado, as forças do governo sírio usaram barris de explosivos com esse material
 (Reuters)

Algumas testemunhas afirmaram as explosões cheiravam a cloro; no passado, as forças do governo sírio usaram barris de explosivos com esse material (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2015 às 13h13.

Beirute - As provas indicam "fortemente" que as forças do governo sírio usaram substâncias químicas em vários ataques com explosivos na província de Idlib (norte da Síria) na segunda quinzena de março, denunciou a Human Rights Watch (HRW) nesta terça-feira.

A ONG lembrou em comunicado que nesses bombardeios, efetuados entre os dias 16 e 31 de março, 206 pessoas foram afetadas, entre elas 20 membros da Defesa Civil, de acordo aos dados divulgados pelas equipes de resgate.

Em um desses ataques, "que violam a Convenção de Armas Químicas e uma resolução do Conselho de Segurança da ONU", morreram seis civis, dos quais três eram crianças, apontou a HRW.

Para elaborar o relatório, a organização apurou seis bombardeios realizados por helicópteros do governo, que lançaram barris de explosivos que supostamente continham botijões de gás.

Após as investigações, nas quais a HRW ouviu o depoimento de testemunhas, vídeos e fotografias, a ONG ressaltou que não pode estabelecer de forma conclusiva que tipo de substância química foi utilizada, mas algumas testemunhas afirmaram que cheirava a cloro.

O comunicado lembra que, no passado, as forças do governo sírio usaram barris de explosivos com esse material.

"Parece que as autoridades sírias mostram mais uma vez uma desconsideração completa em relação ao sofrimento humano violando a proibição global contra a guerra química", lamentou o subdiretor para o Oriente Médio e o Norte da África da HRW, Nadim Houry.

Para ele, o Conselho de Segurança e outros países-membros da Convenção de Armas Químicas deveriam responder "contundentemente".

O texto acrescenta que os voluntários da Defesa Civil, grupo que atua em áreas fora do controle das autoridades sírias, documentaram a existência de 14 barris de explosivos que supostamente tinham compostos químicos tóxicos em sete ataques em quatro lugares da província de Idlib.

A HRW destacou que todos os bombardeios ocorreram em regiões sob o domínio de grupos opositores durante o combate para controlar a cidade de Idlib, que foi tomada pela Frente al Nusra - braço da Al Qaeda na Síria - e outras facções no dia 28 de março.

Entre os destroços dos barris de explosivos, várias testemunhas encontraram recipientes de gás geralmente usados em geladeiras e aparelhos de ar condicionado.

Três médicos entrevistados pela HRW, que atenderam as pessoas expostas a dois desses ataques, explicaram que encontraram sintomas como problemas de respiração e sensação de queimação nos olhos e na garganta. Alguns pacientes sofreram edema pulmonar.

Em outros ataques, várias fotografias e vídeos, assim como testemunhas, indicam que os barris de explosivos continham um líquido vermelho, que a HRW não foi capaz de identificar nem confirmar se teve consequências para a saúde.

A organização lembrou que a Síria ratificou em outubro de 2013 a Convenção de Armas Químicas, que proíbe os ataques com esse tipo de armamento.

No dia 6 de março, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução na qual expressava preocupação pelo possível uso dessa categoria de armas na Síria e decidiu que, caso fossem empregadas, imporia medidas sob o capítulo VII da Carta do organismo internacional. Esse capítulo permite a imposição de sanções e o uso da força como último recurso.

Em setembro de 2014, a Organização para a Proibição das Armas Químicas e a ONU consideraram desmantelado o arsenal químico declarado pelo regime sírio após enviar um ano antes uma missão a Damasco.

A missão ocorreu depois um ataque químico em agosto de 2013 nos arredores da capital síria, do qual os EUA culpou o governo sírio, que o negou categoricamente. 

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