Imagem de vídeo disponibilizado no YouTube mostra o que seria um ataque no bairro de Baba Amro, em Homs, , reduto da revolta contra Bashar al-Assad (AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2012 às 19h37.
Damasco - Apesar das promessas do presidente Bashar al Assad, o regime sírio não dá trégua em seus bombardeios sobre a cidade de Homs, bastião opositor onde nesta quarta-feira morreram 50 pessoas, entre elas 18 bebês em um hospital, segundo a oposição.
Esta cidade situada no centro da Síria é alvo de disparos de morteiro e obuses efetuados por veículos de combate do Exército desde sexta-feira passada, quando, segundo os opositores, sofreu o pior massacre desde o começo da revolta contra Assad.
Esta escalada da violência motivou hoje a reação da alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, que denunciou que a Síria vive uma onda de terror com o contínuo ataque a Homs e o uso de artilharia pesada contra a população civil.
Homs se transformou em um dos maiores focos de oposição ao regime e local de refúgio de um grande número de soldados desertores, o que se traduziu em uma sangrenta ofensiva militar contra a cidade que causou mais de duas mil mortes desde março do ano passado.
Neste novo dia de bombardeios, a Comissão Geral da Revolução Síria denunciou a morte nesta cidade de pelo menos 50 pessoas. Entre as vítimas, 18 recém-nascidos morreram em um hospital quando suas incubadoras pararam de funcionar devido ao corte da provisão elétrica, disse à Agência Efe uma opositora.
A ativista acrescentou que os 'shabiha' (pistoleiros do regime) assassinaram a sangue frio três famílias de Homs que tentavam escapar dos bombardeios no bairro de Al Sabil.
A oposição denunciou o crítico estado dos hospitais e a escassez de remédios, o que, junto aos bombardeios, está minando as forças dos habitantes de alguns bairros da cidade.
O membro da Executiva do Conselho Nacional Sírio (CNS) Ahmed Ramadán afirmou à Efe que 'o regime bombardeia centros médicos, hospitais de campanha e instalações elétricas, e corta a provisão dos hospitais'.
No entanto, o Ministério da Saúde sírio negou as informações sobre a morte dos bebês e assegurou que os hospitais de Homs funcionam normalmente e não há escassez de material sanitário, segundo informou a agência oficial de notícias 'Sana'.
Em relação à situação no resto do país, Ramadán assinalou que as forças do regime bombardeiam, além da maioria dos bairros de Homs, a localidade de Zabadani, nos arredores de Damasco, Al Zawiyah, na província setentrional de Idleb, e os arredores da cidade meridional de Deraa.
'O Exército Livre está fazendo tudo possível para defender os civis, mas o regime não entra em combates terrestres, prefere bombardear de longe com metralhadoras e tanques', acrescentou o membro da Executiva do CNS.
A persistência da violência acontece apesar de ontem o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que se reuniu em Damasco com Assad, ter garantido que 'o presidente sírio está totalmente comprometido com o fim da violência, independentemente de onde venha'.
O regime sírio, por sua parte, voltou hoje a acusar 'grupos terroristas' de desestabilizar o país e perpetrar atentados que registraram um número indeterminado de mortos e feridos, tanto de civis como de soldados.
Entre estes atos, a televisão estatal síria mencionou a explosão de um carro-bomba no bairro de Al Bayada de Homs e o lançamento de foguetes contra a refinaria de Masfa, o que provocou o incêndio dos armazéns.
Estes mesmos 'grupos terroristas' detonaram artefatos explosivos em Baba Amro e atacaram um acampamento militar em Idleb.
As posições do regime e dos opositores parecem irreconciliáveis, após meses de violência que empurram o país em direção a uma guerra civil perante o bloqueio nas decisões da comunidade internacional.