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Refugiados vindos dos EUA sobrecarregam serviços canadenses

A agência de fronteira afirmou que o número de pessoas entrando nos pontos de cruzamento da fronteira mais do que dobrou entre 2015 e 2016

Refugiados: "Algumas dessas pessoas fizeram uma longa jornada. Algumas não estão vestidas para o clima daqui", disse o comandante (Christinne Muschi/Reuters)

Refugiados: "Algumas dessas pessoas fizeram uma longa jornada. Algumas não estão vestidas para o clima daqui", disse o comandante (Christinne Muschi/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 21h34.

Hemmingford - A polícia canadense disse nesta segunda-feira que havia reforçado a presença na fronteira de Québec, e autoridades de fronteira criaram um centro temporário de refugiados para processar o número crescente de pessoas em busca de asilo vindas dos Estados Unidos.

A Agência de Serviços de Fronteira do Canadá disse em entrevista à imprensa que havia convertido um espaço sem uso num centro de processamento de refugiados.

A agência e a Polícia Real Canadense estão redistribuindo pessoal de outras localidades para dar conta da demanda crescente.

A agência de fronteira afirmou que o número de pessoas entrando com pedido por status de refugiado nos pontos de cruzamento da fronteira entre Québec e os EUA mais do que dobrou entre 2015 e 2016.

No mês passado, 452 pessoas fizeram pedidos, segundo a agência, quando em janeiro de 2016 esse número foi 137.

O fluxo exige muito da polícia, do governo federal e dos recursos comunitários da província de Manitoba, onde pessoas chegam com ferimentos por causa do frio depois de horas de caminhada, até Québec, onde táxis deixam pessoas que buscam asilo a metros da divisa, afirmou a agência de fronteira.

Um repórter da Reuters nesta segunda viu policiais abordando uma família de quatro pessoas, dois homens, uma mulher e um bebê, que haviam caminhado na neve.

"Por favor explique para ela que ela está no Canadá", disse um policial canadense para o outro.

A polícia leva as pessoas cruzando a divisa para um interrogatório no escritório da agência de fronteira em Lacolle, em Québec, que é o maior e mais movimentado ponto de cruzamento da fronteira.

Policiais os identificam para garantir que eles não representam uma ameaça e nem levam contrabando.

Eles são então transferidos para terem as impressões digitais coletadas e responderem a mais perguntas. Se alguém for considerado uma ameaça, essa pessoa é detida. Se não, elas podem pedir o status de refugiado e viver no Canadá à espera de uma decisão.

"É comovente, e não somos insensíveis a isso", disse Bryan Byrne, comandante policial. "Algumas dessas pessoas fizeram uma longa jornada. Algumas não estão vestidas para o clima daqui."

As pessoas que buscam asilo cruzam a fronteira ilegalmente porque a política canadense, regida por um acordo com os EUA, é mandar de volta refugiados se eles entrarem com os seus pedidos nos pontos de cruzamento da fronteira.

No entanto, à medida que o presidente norte-americano, Donald Trump, reprime imigrantes ilegais, a Anistia Internacional e grupos de defesa de refugiados pressionam o Canadá para abandonar o acordo, argumentando que os EUA não são local seguro.

Nesta segunda, a cidade de Montreal decidiu se declarar uma "cidade santuário", se tornando a quarta cidade canadense a proteger imigrantes ilegais e a fornecer serviços para eles.

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