Imigrantes sírios: o Líbano afirma que não pode suportar o grande número de imigrantes sírios (Mohamed Azakir/Reuters)
EFE
Publicado em 4 de setembro de 2018 às 14h24.
Beirute - A Direção de Segurança Geral do Líbano organizou nesta segunda-feira uma operação para levar 541 refugiados sírios, divididos em dois comboios de ônibus, de volta ao país de origem, disse à Agência Efe uma fonte do órgão.
Os veículos cruzaram a fronteira com a Síria pelas passagens de Abudieh, no norte do Líbano, e Masnaa, no leste do país.
Os sírios, que foram para o Líbano fugindo do conflito em seu país, tinham se instalado em Burj Hammud, região ao nordeste de Beirute, e nas cidades de Trípoli, Nabatieh e Chebaa.
Após atravessar a fronteira, os ônibus foram para as regiões de origem dos refugiados na região de Damasco e nas províncias de Homs e Hama, no norte da capital da Síria, informou a agência "Sana".
Representantes do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) acompanharam a operação para prestar socorro aos sírios, o que não representa, porém, uma mudança de postura da organização, que se opõe às repatriações forçadas.
"A Acnur não se opõe ao regresso voluntário, mas respeitamos as decisões tomadas. Não estamos em posição de organizar o retorno porque faltam garantias e não estamos em todas as regiões sírias", afirmou a porta-voz da Acnur no Líbano, Lisa Abu Khaled.
O organização da ONU teve atritos com o governo do Líbano pelas críticas à repatriação forçada dos refugiados. Desde dezembro, 5 mil sírios cruzaram a fronteira de volta ao país em operações organizadas pela Direção de Segurança Geral em coordenação com o governo da Síria.
A Direção de Segurança Geral e o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do presidente da Síria, Bashar al Assad, abriram centros para cadastrar os sírios que desejam retornar ao país.
O Hezbollah entregou à Segurança Geral uma lista com mais de mil nomes de pessoas que desejam ser repatriadas, disse ontem o ex-deputado Nawar Saheli, responsável do grupo para refugiados.
O governo do Líbano reiterou em várias oportunidades que o país não pode suportar mais o peso econômico provocado pelos refugiados.
A Rússia, principal aliado do regime de Al Assad, apresentou em julho um plano para repatriar 890 mil refugiados, quase todos que estão no Líbano. No entanto, ainda não houve confirmação das autoridades se a operação será realizada.