Líbia: a Guarda Costeira reporta ter levado "centenas" de pessoas às instalações de Al-Khoms (Ismail Zitouny/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de junho de 2019 às 14h44.
Genebra — Migrantes e refugiados interceptados no Mediterrâneo "estão sendo vendidos" para trabalhos forçados ou para serem entregues a contrabandistas que prometem levá-los até a Europa, denunciou nesta sexta-feira o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Somente em 2019, mais de 2,3 mil imigrantes foram interceptados no litoral da Líbia e enviados a centros de detenção.
Desde 30 de abril, a Guarda Costeira reporta ter levado "centenas" de pessoas às instalações de Al-Khoms, sob a supervisão formal do Departamento de Combate das Migrações Ilegais (DCIM).
De forma mais precisa ainda, as informações da ONU indicam que só em um dia (23 de maio), 230 migrantes ingressaram em Al-Khoms, mas "atualmente só há 30 migrantes", denunciou em Genebra o porta-voz do Escritório de Direitos Humanos, Rupert Colville.
"Esses desaparecimentos estariam relacionadas com a venda dos migrantes a máfias que operam na região, que também se dedicam à exploração sexual no caso das migrantes mulheres", disse Colville.
"Pedimos ao Governo de Acordo Nacional que realize uma investigação independente imediatamente para localizar as pessoas desaparecidas", pediu Colville, que disse que tanto a Guarda Costeira, como o DCIM, são responsáveis por todas as pessoas detidas em Al-Khoms.
A ONU reiterou também a denúncia pelos horrendos "abusos" que de maneira geral ocorrem nos centros de detenção na Líbia e chamou a atenção em particular sobre a situação em Zintan, onde disse que nos últimos meses 22 migrantes morreram de tuberculose e outras doenças.