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Referendo italiano pode aproximar populistas do poder

O referendo propõe o fim do sistema parlamentar, até hoje em vigor, e a redução do número de cadeiras no Senado - de 300 para 100

Itália: a campanha para a reforma se radicalizou fortemente nos últimos dias e os insultos surgem de todos os lados (Getty Images/Getty Images)

Itália: a campanha para a reforma se radicalizou fortemente nos últimos dias e os insultos surgem de todos os lados (Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 17h46.

Os populistas italianos do Movimento Cinco Estrelas (M5E), que já governam grandes cidades como Roma e Turim, contam com uma vitória no referendo de domingo para dar um passo-chave até o poder.

O referendo propõe o fim do sistema parlamentar, até hoje em vigor, e a redução do número de cadeiras no Senado - de 300 para 100.

O objetivo é acelerar o processo legislativo e oferecer estabilidade política em um país que já teve 60 governos desde 1946, ano em que redigiu sua primeira Constituição como República.

Mas o impulsionador do projeto, o primeiro-ministro Matteo Renzi, não vê sua vitória tão claramente.

A campanha para a reforma se radicalizou fortemente nos últimos dias e os insultos surgem de todos os lados.

O carismático líder do M5E, o humorista Beppe Grillo, se tornou o porta-voz dos que se opõem à reforma e no rival direto de Renzi.

Grillo, com seu vocabulário irreverente e o lema nascido com o M5E - "Vaffanaculo" ("Que se fodam") -, conquistou simpatizantes desde 2007, chegando a ser a segunda força política do país.

A reforma de Renzi despertou críticas de todos os setores políticos, desde a extrema-direta até a extrema-esquerda, e um setor do próprio partido de centro-esquerda de Renzi, o Partido Democrático, se rebelou contra o que consideram "um retrocesso democrático" e uma decisão "autoritária".

As últimas pesquisas divulgadas há duas semanas, já que está proibida sua publicação durante as duas semanas que antecedem a votação, registravam uma vantagem de cinco a oito pontos a favor do não, com um alto número de indecisos.

A mobilização a favor da reforma por parte de Barack Obama, Angela Merkel e seu ministro Wolfgang Schaeuble, assim como de influentes jornais internacionais, acabou alimentando as críticas de Grillo contra os lobbies internacionais, chamados por ele de "megaburocratas".

"Se o 'não' ganhar, vamos pedir eleições antecipadas", prometeu Grillo. Porém, esta opção parece pouco provável para alguns observadores, apesar de não haver dúvidas de que a derrota de Renzi teria consequências políticas.

Reforçado por uma onda populista que resultou na vitória do Brexit, no Reino Unido, e de Donald Trump, nos Estados Unidos, o M5E quer "sem demora" tomar as rédeas do país, apesar de sua pouca experiência a nível local e nacional.

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