"A única oportunidade, depois de interrogar as jovens, de escapar foi outro dia, quando Amanda (à direita) escapou", disse o vice-chefe da polícia, Ed Tomba, em entrevista coletiva (REUTERS/FBI/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2013 às 23h12.
Cleveland - Amanda Berry e outras duas mulheres foram isoladas, mantidas em cativeiro e estupradas em uma casa repleta de cordas e correntes por quase uma década, e ela disse à polícia que sua fuga há dois dias foi a sua primeira chance de escapar.
As autoridades de Ohio revelaram nesta quarta-feira alguns dos detalhes escabrosos dos anos em que Amanda, hoje com 27 anos, Gina DeJesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, e uma menina de seis anos de idade supostamente passaram como prisioneiras do suspeito Ariel Castro, acusado de sequestro e estupro.
Os irmãos dele, originalmente detidos, não foram denunciados e não tinham conhecimento dos crimes pelos quais Castro, de 52 anos, estava sendo acusado, segundo a polícia.
Castro, que é dono da casa onde as mulheres foram encontrados na segunda-feira, foi denunciado por três acusações de estupro, relativa às mulheres, e quatro acusações de sequestro, disse o promotor de Cleveland, Victor Perez, em entrevista coletiva.
As acusações foram feitas depois que a polícia revelou que as mulheres, resgatadas depois que Amanda fugiu com a ajuda de um vizinho, não tiveram nenhuma chance anterior de escapar em quase dez anos de cativeiro.
"A única oportunidade, depois de interrogar as jovens, de escapar foi outro dia, quando Amanda escapou", disse o vice-chefe da polícia, Ed Tomba, em entrevista coletiva.
Tomba disse que Amanda, Gina e Michelle foram mantidas separadamente na casa, onde a polícia encontrou cordas e correntes. "Elas não estavam em um quarto, mas se conheciam e sabiam que estavam lá", disse.
A filha de Amanda também foi resgatada da casa. A criança nasceu em 25 de dezembro de 2006 durante o cativeiro de sua mãe, disseram as autoridades. Um teste será realizado para determinar a paternidade da menina.
Enquanto as autoridades preparavam o caso contra Castro, Amanda e Gina foram para as casas de suas famílias nesta quarta-feira. Michelle estava em um hospital de Cleveland, onde um porta-voz disse que seu estado de saúde era bom.
Nem Amanda nem Gina, que desapareceu enquanto voltava da escola aos 14 anos, em 2004, falaram publicamente. Michelle tinha 20 anos quando sumiu em 2002.
Castro, que não é um suspeito de nenhum outro caso, será indiciado em um tribunal na quinta-feira, disse o promotor.
Os investigadores colheram cerca de 200 peças de evidência de sua casa, que, segundo Tomba, estava "um pouco em desordem", mas não encontraram restos humanos no local. A polícia ainda estava vasculhando uma segunda casa.
Os três irmãos foram presos na segunda-feira à noite, horas depois que as mulheres escaparam. No entanto, não havia nenhuma evidência de que Pedro Castro, de 54 anos, e Onil Castro, de 50 anos, estavam envolvidos, disse o promotor.
"Não há nada que nos leva a crer que eles estavam envolvidos ou tinham qualquer conhecimento disso, e isso vem de declarações de nossas vítimas, declarações delas e depoimentos dos irmãos", disse Perez.
Amanda pôde ser ouvida nomeando Ariel Castro como o homem de quem estava fugindo quando fez a frenética ligação ao serviço de emergência, depois que um vizinho ouviu o grito dela e ajudou-a a arrombar uma porta.
Nascido em Porto Rico, Ariel Castro tocou baixo em bandas de música latina na região. Os registros mostram que ele se divorciou mais de uma década atrás e que sua ex-mulher morreu. Ele deve ter uma filha adulta e um filho.
Em 2005, Castro foi citado em uma queixa de violência doméstica em uma disputa de custódia com sua ex-mulher, que o acusou de quebrar seu nariz duas vezes, atingir seus dentes, deslocar seu ombro duas vezes e ameaçar ela e suas filhos de morte várias vezes.
A denúncia não foi adiante.