Catástrofe ecológica húngara com vazamento tóxico de uma fábrica de alumínio já matou 4 pessoas (Attila Kisbenedek/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
Budapeste - Centenas de afetados, dezenas de hectares contaminados, rios devastados: o derramamento tóxico que afetou o sudoeste da Hungria está se confirmando como uma catástrofe ecológica de enormes proporções, que implicará em muitos anos para que a natureza e a agricultura consigam se recuperar.
Uma camada de lodo vermelho de dois centímetros de espessura, carregada de metais pesados, está esparramada por 40 quilômetros quadrados, incluindo áreas cultiváveis, e segue avançando em direção ao rio Raab, que desemboca no Danúbio.
O secretário de Estado para o Meio Ambiente, Zoltán Illés, classificou o fato como "catástrofe ecológica" e advertiu que haverá de retirar a terra na região afetada para que possa voltar a cultivar-se, o que poderia levar pelo menos um ano.
Por sua vez, o responsável da WWF/Adena na Hungria, Gábor Figeczky, afirmou à Agência Efe que esta é a "maior catástrofe ecológica da história da Hungria", e que a natureza demorará anos para recuperar-se.
A ruptura de uma bolsa de acumulação de uma empresa fabricante de alumínio provocou na segunda-feira o vazamento de 1 milhão de metros cúbicos de lodo altamente tóxico. Quatro pessoas, entre elas uma criança, morreram no acidente e outras seis estão desaparecidas.
Mais de 120 pessoas tiveram de ser hospitalizadas e 400 casas foram afetadas pela onda de barro vermelho.
Zsolt Szegfalvi, presidente do Greenpeace na Hungria, ressaltou que se trata "da maior catástrofe da Europa relacionada com o chamado barro vermelho", por isso que ninguém tem experiência sobre como tratar a situação.
As autoridades declararam o estado de emergência nas três províncias contaminadas ao oeste do país.
Agora, o principal temor é que se estenda em cadeia a partir do rio Marcal, onde já não é possível encontrar rastros de vida corrente, em direção aos cursos d'água do Raab, o Mosoni Duna e o Danúbio, a pouco mais de cem quilômetros do lugar do acidente.
Szegfalvi confiou em que "as substâncias tóxicas que já estão próximas do rio Marcal, não cheguem até o Danúbio" e as autoridades trabalham na construção de diques para evitar que o vazamento se estenda.
O chefe de Governo húngaro, Viktor Orbán, afirmou que os afetados serão indenizados e anunciou que será aberta uma investigação para esclarecer a catástrofe ambiental.
A Companhia Húngara de Produção e Comércio de Alumínio (MAL), dona do reservatório, classificou o episódio de "catástrofe meteorológica" ao atribuir a ruptura do reservatório às fortes chuvas. A imprensa local informou que a companhia dispõe de um seguro de apenas 37 mil euros.
Embora até o momento não tenha sido possível calcular o tamanho do prejuízo causado pelo vazamento, o secretário de Estado do Meio Ambiente Illés falou em declarações à imprensa local em dezenas de milhões de dólares.
Desde a tragédia está proibida a pesca e a caça nas áreas afetadas. O Greenpeace pediu precaução para que as tarefas de limpeza não causem ainda mais danos.
"É preciso atuar com muito cuidado para que não ocorram mais danos", ressaltou Szegfalvi à Efe, ao explicar que ainda não se sabe os efeitos das substâncias que serão utilizadas para neutralizar os tóxicos derramados na segunda-feira.
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