A Grécia terá a maior redução do PIB dentro da zona do euro, com queda de 3,9% (Jay Galvin/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2010 às 13h28.
Paris, 18 nov (EFE).- A recuperação econômica nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) se mostra mais incerta nos últimos meses pois o arrefecimento, maior do que o previsto, vai se prolongar no ano que vem, de modo que só um crescimento mais sólido em 2012 permitirá um redução significativa do desemprego, segundo a própria entidade.
O diagnóstico da OCDE, em seu relatório semestral de perspectivas apresentado nesta quinta-feira, corrigiu para baixo suas previsões para 2011, sobretudo porque é menos otimista com a evolução dos Estados Unidos.
O secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, reconheceu que a recuperação é mais incerta no segundo semestre do ano. Portanto, o arrefecimento "foi mais pronunciado" do que o esperado e o conjunto dos 33 países-membros terá uma progressão econômica de apenas 2,3% no ano que vem, após 2,8% em 2010, para voltar aos mesmos 2,8% em 2012.
A economia americana deveria aumentar este ano 2,7%, cinco décimos a menos que o esperado seis meses atrás, e 2,2% em 2011, em vez dos 3,3% previstos em maio.
De qualquer maneira, a zona do euro seguirá com números modestos na recuperação econômica, terá um aumento de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) tanto neste ano quanto no próximo.
Dentro da zona do euro, três países vão seguir com um retrocesso econômico em 2010, em particular a Grécia, com uma queda de 3,9%, mas também a Irlanda, com redução de 0,3%, e a Espanha, com diminuição de 0,2%.
Gurría ressaltou que, apesar das recentes turbulências dos mercados, que estão encarecendo o financiamento da dívida pública de vários Estados periféricos da zona do euro, não se pode comparar os casos de Irlanda e Espanha. Esta tem um sistema financeiro saneado e fez o dever de casa por enquanto, com medidas de ajuste fiscal.
O secretário-geral explicou que "os mercados buscam vulnerabilidade" nos países, mas as autoridades econômicas não podem ficar unicamente pendentes dos últimos movimentos da bolsa para decidir as políticas que vão afetar dezenas de milhões de pessoas.
"É preciso ter claro o caminho" e só então "o mercado será o primeiro a reconhecer" que são dados passos adequados, ainda que "às vezes o mercado nos empurra a acelerar" as reformas ou o ajuste fiscal, argumentou Gurría.
Ele transmitiu uma mensagem de confiança ao considerar que o dispositivo de salvamento financeiro para a zona do euro "é um grande elemento de segurança e de estabilidade".
Para os autores do relatório, alguns dos principais riscos sobre a recuperação no mundo desenvolvido são os custos de financiamento das dívidas soberanas - que poderiam subir abruptamente para alguns países - o mercado imobiliário dos Estados Unidos e do Reino Unido - que seguem com seu processo de ajuste - e os desequilíbrios financeiros internacionais.
A respeito deste último, o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan, constatou que "há um problema" com o iuane, já que sua cotação segue em paralelo à do dólar, quando na verdade as condições na China e nos Estados Unidos são muito diferentes.
Padoan advertiu que a insuficiente valorização da divisa chinesa "é um forte empecilho para o equilíbrio" financeiro internacional. Segundo ele, um desequilíbrio persistente não é compatível com um crescimento sustentável da economia mundial.
No caso do Brasil, a OCDE revisou para cima sua previsão de crescimento da economia nacional para este ano, que chegará a 7,5%, um ponto percentual a mais do que tinha calculado em maio passado.
No entanto, a OCDE diminuiu as expectativas que tinha dado para o Brasil em 2011, em seu relatório semestral de Perspectivas publicado nesta quinta-feira. A organização assinalou que agora estima que a progressão do Produto Interno Bruto (PIB) será de 4,3%.