Cristina Kirchner: daltando menos de três semanas para eleições legislativas, Cristina dificilmente poderá participar dos atos políticos dos candidatos governistas (©afp.com / Alejandro Pagni)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 18h13.
Buenos Aires – A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, continua em terapia intensiva hoje (10), recuperando-se da cirurgia de terça-feira (8) para retirada de um coagulo do cérebro. A evolução dela é “favorável”, segundo boletim médico divulgado no início da tarde. Ontem (9), a presidente estava se alimentando normalmente.
O coágulo teria sido provocado por uma batida na cabeça em agosto passado. Na época, Cristina Kirchner submeteu-se a exames, cujos resultados foram normais. Dois meses depois, ela começou a sentir sintomas de que alguma coisa estava errada: enxaqueca e formigamento no braço.
“A batida não foi forte o suficiente para provocar um grande sangramento no momento, por isso ela não sentiu os sintomas de imediato”, explicou à Agencia Brasil o neurocirurgião Jose Maria Otero. “Mas o golpe rompeu algumas veias, que produziram um sangramento leve e, com o tempo, o sangue foi se acumulando até pressionar o cérebro”. A solução para o problema foi drenar o hematoma que se formou entre a meninge e o cérebro.
Cristina Kirchner pode receber alta do hospital no final de semana e a recomendação dos médicos é que faça repouso, mas o chefe de Gabinete da Presidência, Juan Manuel Abal Medina, disse que – mesmo internada – a presidente continua tomando todas as decisões do governo.
Faltando menos de três semanas para as eleições legislativas de 27 de outubro, Cristina Kirchner dificilmente poderá participar dos atos políticos dos candidatos governistas. Atualmente a presidente tem maioria no Congresso, mas deve perder a vantagem que tem no Senado, segundo os resultados das primárias de agosto e as pesquisas de opinião.
Para os simpatizantes de Cristina Kirchner, o problema não é tanto a sua ausência da reta final da campanha, quanto a presença maior do vice-presidente Amado Boudou, que responde a processos por enriquecimento ilícito e corrupção e é um dos políticos com pior imagem no pais.
Os resultados das eleições legislativas vão definir o apoio que Cristina Kirchner terá nos últimos dois anos de seu segundo mandato, assim como quais serão as novas alianças politicas que surgirão para as eleições presidenciais de 2015. Um dos “presidenciáveis” com maior índice de popularidade é o prefeito de Tigre (na província de Buenos Aires), Sergio Massa, que já foi aliado do governo e hoje é candidato a deputado pela oposição.
A imprensa e analistas políticos da Argentina têm especulado sobre o possível impacto do afastamento de Cristina Kirchner do cenário politico nas eleições. “ Se alguém pretende especular eleitoralmente com isso, seria muito triste, porque é a saúde de um ser humano”, disse Massa hoje (10).