Silvio Berlusconi: escândalos pessoais e o fracasso do governo do ex-primeiro-ministro em 2011 fizeram com que ele perdesse credibilidade (AFP/ John Thys)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 15h54.
Roma - O quatro vezes primeiro-ministro Silvio Berlusconi ampliou sua alta nas pesquisas italianas nesta sexta-feira, aumentando as chances de que o Partido Democrático, de centro-esquerda, agora liderando a corrida, tenha que buscar um pacto com o bloco de Mario Monti, de centro.
Com pouco mais de um mês antes das eleições, Berlusconi diminuiu a distância com a coalizão de centro-esquerda de Pier Luigi Bersani em 4 pontos percentuais em comparação há uma semana, mas ele ainda está 6 pontos percentuais atrás, mostrou uma pesquisa publicada na sexta-feira.
Sua recuperação se segue a uma blitz em praticamente todo programa de debate televisivo na Itália, onde o bilionário de 76 anos mesclou ataques furiosos contra o governo tecnocrata de Monti, a Alemanha e a esquerda, prometendo restaurar o crescimento e descartar um odiado tributo sobre propriedades.
Seu crescimento é uma reminiscência de 2006, quando o extravagante showman recuperou 10 pontos percentuais e quase roubou de Romano Prodi o que parecia ser uma vitória garantida a um mês das eleições.
Mas, até agora, apesar dos resultados similares em várias pesquisas recentes, parecia haver poucas chances de um choque eleitoral dar a Berlusconi um quinto mandato, depois que a série de escândalos e a crise financeira o obrigaram a renunciar em 2011.
"Desta vez, a capacidade de Berlusconi encenar uma volta é limitada", disse Maurizio Pessato, vice-presidente do instituto de pesquisas SWG, que realizou a pesquisa de sexta-feira.
"Berlusconi perdeu muita credibilidade, mais do que a que tinha na votação de 2006, por causa do fracasso de seu governo em 2011 e de seus escândalos pessoais." A pesquisa mostrou que a aliança entre o centro-esquerda Partido Democrático e o partido esquerdista Esquerda, Ecologia, Liberdade estava com 33 por cento, abaixo dos 34,9 por cento de uma semana atrás, com a aliança de Berlusconi com 27,2 por cento e o bloco de Monti com 13,7 por cento.
Se este resultado se confirmar, a centro-esquerda teria uma maioria sólida na Câmara Baixa. Mas, devido a peculiaridades da legislação eleitoral, Berlusconi poderia perder para a centro-esquerda na contagem nacional e ainda obter cadeiras suficientes no Senado, onde o voto é calculado região por região, impedindo Bersani de obter uma maioria na Câmara Alta.
Isso importa porque a legislação na Itália deve ser aprovada em ambas as Casas.
A centro-direita tradicionalmente controla a maioria das regiões populosas da Itália, como a Lombardia, o Vêneto e a Sicília, que recebem mais cadeiras no Senado.
Isso significa que a centro-esquerda, mesmo que acumule uma pequena maioria no Senado, poderia buscar o apoio de Monti na Câmara Alta para evitar uma repetição do segundo mandato condenado de Prodi, que terminou depois que sua frágil maioria entrou em colapso.
Ex-comissário europeu, Monti recebeu o crédito de investidores e credores estrangeiros por ter restaurado a credibilidade da Itália, e qualquer papel que tenha em um governo futuro provavelmente será bem recebido pelos mercados.
Monti e Bersani evitam comentar diretamente a possibilidade de criarem uma aliança, mas deram indícios de que podem estar prontos para trabalhar nisso depois da eleição de 24 e 25 de fevereiro, e o avanço de Berlusconi está tornando isso mais provável.
"Quanto mais fracos forem Bersani e Monti, mais vão precisar um do outro", disse o pesquisador Pessato.