O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, vota para as eleições parlamentares em uma seção eleitoral em Tbilisi, em 26 de outubro de 2024 (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 08h47.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 08h49.
A recontagem parcial dos votos nas eleições legislativas na Geórgia confirmou a vitória do partido no poder, informou a Comissão Eleitoral à AFP nesta quinta-feira, 31, depois que a oposição denunciou "fraudes" e o país foi alvo de críticas internacionais.
A Comissão Eleitoral Central afirmou à AFP que a recontagem em quase 12% das seções eleitorais e 14% das cédulas "não implica uma mudança significativa nos resultados oficiais já anunciados" após as eleições do fim de semana.
"A recontagem definitiva mudou apenas levemente em cerca de 9% dos locais" onde houve uma nova apuração, acrescentou o organismo.
O partido Sonho Georgiano, no poder desde 2012, venceu as eleições legislativas de sábado nesta ex-república soviética do Cáucaso, mas a oposição não reconhece os resultados.Antes da recontagem, a Comissão Eleitoral anunciou que o Sonho Georgiano obteve 53,92% dos votos e a oposição 37,78%.
A presidente do país, Salome Zourabishvili, de tendência pró-Ocidente e em confronto com o governo, afirmou que métodos de fraude 'sofisticados' foram utilizados nas eleições, semelhantes, segundo ela, aos utilizados na Rússia.
O Ministério Público abriu uma investigação na quarta-feira por 'suposta falsificação' das eleições e convocou a presidente, que não compareceu.
Os observadores internacionais apontaram irregularidades durante as eleições e a União Europeia pediu uma investigação das denúncias.
As eleições foram consideradas uma disputa sobre as aspirações da Geórgia de aderir à UE e à Otan.
O partido Sonho Georgiano afirma que busca aderir aos blocos, mas os críticos da legenda o acusam de uma guinada autoritária e de proximidade com a Rússia.
O objetivo de aderir à UE e à Otan está inscrito na Constituição da Geórgia, localizada às margens do Mar Negro.
O país vive relações tensas com a UE nos últimos meses, especialmente após o Parlamento aprovar uma lei de "influência estrangeira" em maio, semelhante à que a Rússia utiliza para silenciar a sociedade civil.
Bruxelas congelou o processo de adesão à UE após a promulgação desta lei e Washington adotou sanções contra alguns responsáveis por sua "repressão brutal" às manifestações subsequentes.
Outra fonte de tensão com Bruxelas foi a promulgação, no início do mês, de uma lei que restringe severamente os direitos das pessoas LGBTQIA+.
Após os resultados eleitorais do fim de semana, milhares de pessoas protestaram na capital, Tbilisi, agitando bandeiras europeias e georgianas.
O primeiro-ministro Irakli Kobajidze insistiu que a "prioridade máxima" de Tbilisi na "política externa" era a "integração europeia" e disse estar ansioso por retomar as relações com a UE.
A ex-república soviética ainda está muito marcada pela invasão russa em uma breve guerra em 2008 e pela ameaça de uma nova invasão, como a da Ucrânia.