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Opositor venezuelano Leopoldo López faz fuga espetacular para Madri

Pouco mais de um ano após deixar a prisão em um levante que quase derrubou Maduro, o "mentor de Guaidó" agora deixa a Venezuela

Leopoldo López: opositor estava preso desde 2014 e, no último ano, refugiado na residência do embaixador espanhol (Wil Riera/Bloomberg/Getty Images)

Leopoldo López: opositor estava preso desde 2014 e, no último ano, refugiado na residência do embaixador espanhol (Wil Riera/Bloomberg/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 25 de outubro de 2020 às 12h03.

Última atualização em 25 de outubro de 2020 às 12h08.

Faz pouco mais de um ano que a saída de Leopoldo López da prisão na Venezuela quase levou à queda do ditador Nicolás Maduro em maio de 2019. Na ocasião, o opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente "alternativo" da Venezuela, fez uma aliança de ocasião com parte das Forças Armadas e conseguiu libertar López, que estava preso desde 2014.

A tentativa de levante do grupo opositor falhou e, desde então, Maduro segue no poder.

Agora, López oficialmente saiu do país e fugiu neste fim de semana rumo a Madri, na Espanha. Segundo informou seu pai à AFP, López já chegou à capital espanhola neste domingo, 25, após ter passado 18 meses refugiado na residência do embaixador espanhol na Venezuela.

"Sim, posso confirmar que está em Madri", disse à AFP emocionado Leopoldo López Gil, que é deputado no Parlamanto Europeu pelo Partido Popular (PP, direita).

Antes de ser libertado pelo curto levante da oposição, López estava em regime domiciliar desde 2017 por incitar violência em protestos. Sua sentença é de 14 anos.

O pai de López se negou a afirmar de qual país o líder opositor de 49 anos chegou. No dia anterior, ele apontou que, após abandonar a residência do embaixador espanhol em Caracas, saiu da Venezuela "clandestinamente" pela fronteira com a Colômbia.

Jornalistas da AFP de plantão durante toda a manhã na área de desembarque internacional no aeroporto de Madri/Barajas não conseguiram ver Leopoldo López, o que faz pensar que ele saiu pelo portão das autoridades, ao qual não há acesso.

Em Madri, López se reunirá com seu pai, sua esposa Lilian Tintori e seus três filhos, que moram na capital espanhola, que abriga outros líderes opositores venezuelanos que saíram da Venezuela, como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma.

López oferecerá posteriormente uma coletiva de imprensa, mas previsivelmente não será neste domingo, segundo uma fonte próxima da família.

"Luta em qualquer espaço"

"Venezuelanos, essa decisão não foi fácil, mas estejam certos que podem contar com este servidor para lutar em qualquer espaço", escreveu no Twitter o próprio López na noite de sábado.

López, carismático ex-prefeito do município de Chacao, foi sentenciado em 2015 a quase 14 anos de prisão, acusado de incitação à violência em protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro que deixaram 43 mortos e cerca de 3.000 feridos entre fevereiro e maio de 2014.

Em 2017, recebeu prisão domiciliar e depois foi libertado por seus guardiões e participou de um fracassado levante de um grupo de militares contra Maduro em 30 de abril de 2019, apoiado pelo chefe parlamentar Juan Guaidó.

Após o fracasso do levante, López se refugiou na casa do embaixador da Espanha em Caracas, onde ficou como hóspede. Juan Guaidó afirmou que, com a saída do país de seu mentor político, a "tática repressiva" de Maduro foi "ridicularizada".

"Maduro, você não controla nada. Contornado sua tática repressiva, conseguimos levar ao território internacional nosso Comissário para o Centro de Governo, Leopoldo López", tuitou Guaidó, reconhecido como presidente interino por cerca de cinquenta países.

O exílio de López ocorre faltando poucas semanas para as eleições parlamentares de 6 de dezembro, impulsionadas pelos aliados de Maduro mas boicoteadas por cerca de trinta partidos que as denunciam como uma "fraude" que não oferece garantias de transparência.

Além disso, ocorre depois que Maduro "indultou" em 1o de setembro cerca de cem opositores, vários deles colaboradores de Guaidó.

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