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Rebelião síria ameaça bombardear Hezbollah no Líbano

O general Salim Idriss, chefe do Estado Maior do Exército Livre Sírio (ESL), acusa o movimento armado xiita libanês de lutar ao lado do regime de Bashar al-Assad


	Membros do exército livre da Síria: os rebeldes na Síria são predominantemente sunitas, enquanto o clã de Assad é alauíta, um ramo do xiismo.
 (Muzaffar Salman/Reuters)

Membros do exército livre da Síria: os rebeldes na Síria são predominantemente sunitas, enquanto o clã de Assad é alauíta, um ramo do xiismo. (Muzaffar Salman/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 15h41.

Damasco - A principal formação armada da rebelião síria ameaçou bombardear, a partir desta quinta-feira, o movimento Hezbollah libanês, acusado de disparar contra cidades rebeldes na Síria, uma escalada sem precedentes, que provocou novos receios de um transbordamento do conflito.

Esta ameaça foi feita em uma declaração à AFP pelo general Salim Idriss, chefe do Estado Maior do Exército Livre Sírio (ESL), que acusa o movimento armado xiita libanês Hezbollah de lutar ao lado do regime de Bashar al-Assad, seu aliado incondicional.

Mas esta é a primeira vez que a rebelião cita bombardeios do movimento a partir do Líbano.

"O que é novo é que o Hezbollah começou a bombardear os vilarejos ao redor de Qousseir a partir do território libanês, e não podemos aceitar isso", declarou, ressaltando ter "provas de que o Hezbollah envia seus combatentes (...) para apoiar o Exército de Assad".

O general Idriss relatou disparos da aldeia libanesa de Zeita, no Vale do Bekaa. A região de Qousseir está localizada próxima a fronteira.

"Anunciamos ontem que se esta agressão não parar dentro de 48 horas, o ESL responderá às fontes dos tiros. Ao fim de 48 horas, isto é, quinta-feira, o ESL em Qousseir responderá às fontes dos disparos e também mobilizará combatentes equipados com armas de longo alcance em outras regiões", alertou.

Em 2012, o líder do Hezbollah Hassan Nasrallah afirmou que alguns membros de seu partido combatiam os rebeldes sírios, mas de maneira individual. O movimento publica periodicamente comunicados anunciando a morte de um de seus combatentes no "exercício de seu dever jihadista".

Domingo, o poderoso movimento indicou que três libaneses xiitas foram mortos nos combates contra os rebeldes na Síria, recusando-se a especificar se eram membros do partido que domina com seus aliados o governo do Líbano.

No mesmo dia, o Conselho Nacional Sírio (CNS), um dos principais componentes da oposição, acusou o Hezbollah de ter lançado no sábado um "ataque armado" em Qousseir.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), esses libaneses são membros dos Comitês Populares Pró-regime e foram treinados pelo Hezbollah.

Os rebeldes na Síria são predominantemente sunitas, enquanto o clã de Assad é alauíta, um ramo do xiismo.

O Líbano, que vive há três décadas sob tutela síria, está dividido sobre o conflito entre o Hezbollah e a oposição que apoia a rebelião.

Os Estados Unidos temem que o "caos" na Síria permita o Hezbollah colocar as mãos em armas do regime de Assad, incluindo armas químicas.

Israel, que também teme a transferência de armas sírias para o Hezbollah, reivindicou um ataque aéreo em 30 de janeiro, perto de Damasco, que tinha como alvo um comboio transportando mísseis terra-ar e edifícios suspeitos de abrigar armas químicas, de acordo com fontes dos Estados Unidos.

No terreno, combates foram travados em várias frentes na Síria, causando a morte de 107 pessoas, de acordo com um balanço preliminar do OSDH, enquanto Moscou alertou os rebeldes e o regime que caso o conflito continue levará a "destruição mútua".

Pelo segundo dia consecutivo, Damasco tem sido alvo de morteiros que caíram em um complexo esportivo, onde um jogador de futebol foi morto e quatro outros ficaram feridos, segundo uma fonte oficial.

Na província de Damasco, os rebeldes derrubaram um avião de combate do Exército após a morte de 20 pessoas, incluindo mulheres e crianças, em um ataque aéreo na região, de acordo com o OSDH.

Na frente de combate de Aleppo (norte), os combates continuam entre soldados e rebeldes perto de bases aéreas e do aeroporto internacional, afirmou a ONG.

Segundo a ONU, mais de 70.000 pessoas morreram no país em quase dois anos de conflito provocado por um levante popular brutalmente reprimido pelo regime.

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