O Pentágono indicou que não há informações de que Kadafi tenha deixado a Líbia (AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2011 às 22h26.
Trípoli - Intensos confrontos ocorreram nesta quarta-feira perto do quartel-general em Trípoli de Muamar Kadhafi, tomado pelos rebeldes, que anunciaram uma recompensa de quase 1,7 milhão de dólares pela captura do "guia" líbio, vivo ou morto.
Bab Al Aziziya, onde está localizado o edifício, e o bairro vizinho de Abu Slim - reduto das tropas fiéis ao regime - eram cenário de duros confrontos, segundo um jornalista da AFP.
Uma densa fumaça se elevava na metade do dia no setor do quartel-general, de onde vinham sons de disparos de armas pesadas e se constatava que os rebeldes retrocediam.
Várias ruas do centro de Trípoli estavam desertas devido à presença de franco-atiradores leais ao regime espalhados pela capital, segundo os rebeldes, que também eram atacados por disparos perto do aeroporto.
Horas antes, a "vitória" rebelde - antes de tudo simbólica, já que a residência de Kadhafi estava vazia quando na terça-feira ocorreu a ocupação - tinha sido celebrada ruidosamente em Trípoli e Benghazi, a "capital" dos insurgentes apoiados pela Otan.
Após essa vitória, os rebeldes anunciaram nesta quarta-feira uma recompensa de quase 1,7 milhão de dólares (2 milhões de dinares) pela cabeça de Kadhafi, vivo ou morto.
Essa iniciativa, financiada por homens de negócios líbios, conta com a aprovação do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião.
"Os membros do círculo próximo (a Kadhafi) que o matarem e o capturarem terão uma anistia garantida pelo povo", indicou à imprensa o presidente do CNT, Mustafah Abdeljalil.
Entretanto, persiste o mistério sobre o local onde poderá estar o líder líbio, que voltou a desafiar a rebelião com duas mensagens sonoras.
Em um discurso transmitido por um site da emissora dirigida por seu filho, Saif al Islam, Kadhafi explicou que saiu de sua residência em uma "retirada tática" devido aos ataques dos aviões da Otan.
O governo da Nicarágua anunciou, por sua vez, que poderá considerar conceder asilo político a Kadhafi, apesar de não existir um pedido nesse sentido, indicou um assessor presidencial.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, após uma reunião com o número dois dos rebeldes líbios, Mahmoud Jibril, disse nesta quarta-feira que uma conferência de "amigos da Líbia", que deve preparar a era pós-Kadhafi, ocorrerá em 1º de setembro, em Paris.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, o mais estreito aliado do líder líbio Muamar Kadhafi na América Latina, denunciou que a embaixada de seu país em Trípoli foi "atacada e totalmente saqueada", em declarações em coletiva de imprensa nesta quarta-feira no palácio presidencial, em Caracas.
Os Estados Unidos negociavam nesta quarta-feira para que o Conselho de Segurança da ONU pressionasse a África do Sul a aceitar o desbloqueio de 1,5 bilhão de dólares de bens líbios congelados para pagar a ajuda humanitária de emergência, informaram diplomatas.
O Conselho de Segurança reuniu-se para tratar das ajudas para a Líbia, e diplomatas americanos disseram que se não houver um acordo sobre a liberação de dinheiro buscarão submetê-lo a uma votação diante dos 15 membros do Conselho em 48 horas.
O Pentágono informou nesta quarta-feira que as reservas de armas químicas líbias estão "seguras", mas que um arsenal de milhares de lança-foguetes continuava sendo motivo de preocupação.
Os rebeldes líbios enfrentavam nesta quarta-feira forças pró-Kadhafi em Ben Jawad (leste), que impediam o avanço insurgente para o reduto kadhafista de Sirte, anunciou um porta-voz militar.
Os confrontos já deixaram mais de 400 mortos e 2.000 feridos desde que no sábado os rebeldes lançaram o ataque a Trípoli ajudados pela Otan, segundo Abdeljalil.
Em torno de 30 jornalistas estrangeiros retidos desde o domingo no hotel Rixos do centro de Trípoli foram liberados nesta quarta-feira à tarde.
Quatro jornalistas italianos, entre eles os enviados especiais dos jornais Il Corriere della Sera, la Stampa e Avvenire, foram sequestrados nesta quarta-feira na Líbia, indicaram fontes do sindicato.
Entre os jornalistas estão dois repórteres do Corriere della Sera, um dos jornais mais influentes do país, informou Bruno Tucci, presidente do Colégio de Jornalistas da região de Roma.