Rebeldes na Líbia: oposição, armada pelo franceses, avança para a capital (AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 15h43.
Gualich, Líbia - Os rebeldes líbios lançaram nesta quarta-feira uma ofensiva contra as forças de Muammar Kadafi para reconquistar uma região que os fará chegar mais perto de Trípoli, ocupando pouco depois a aldeia de Gualich, 50 km ao sul da capital.
Por sua vez, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, confirmou que representantes da rebelião líbia serão recebidos no dia 13 de julho pelos países da Otan. Trata-se do primeiro encontro deste tipo.
Armados pelos franceses e com o caminho aberto pelos últimos bombardeios da Otan, os rebeldes tomaram Gualich, fizeram as tropas de Muammar Kadafi retroceder e capturaram vários mercenários que formavam parte das mesmas, constatou um colaborador da AFP. Vários destes soldados disseram vir de Gana ou Mali.
Os rebeldes invadiam as casas da aldeia enquanto eram ouvidos disparos ao longe, mas era impossível saber se tratava-se de gente que atirava ao ar para festejar ou de combates isolados.
Após várias semanas nas quais a guerra parecia atolada, os rebeldes lançaram a ofensiva que anunciavam há dias.
"Esperávamos antes de lançar este ataque, obtivemos finalmente autorização da Otan nesta manhã (quarta-feira) e a ofensiva começou", declarou um membro do comitê revolucionário de Zenten, a 120 km de Trípoli.
Os insurgentes querem, sobretudo, voltar a tomar Bir al Ghanam, um local estratégico. O outro objetivo é a cidade de Gharyan, com um importante contingente que protege Trípoli, bastião do regime.
A Otan anunciou nesta quarta-feira que havia destruído seis veículos militares, incluindo quatro tanques das forças de Kadafi em Gharyan.
No sábado, a Aliança Atlântica disse ter intensificado seus bombardeios no oeste, onde destruiu cerca de 50 alvos militares durante a semana.
Além do apoio aéreo da Otan, os rebeldes das montanhas berberes receberam recentemente armamento que a França lançou em para-quedas nas montanhas de Nefusa.
Mas a França deixou de efetuar estes lançamentos de armas, que foram motivo de discordânias na coalizão internacional, em particular pela Grã-Bretanha, e reforçaram as críticas dos opositores à intervenção armada, sobretudo pela Rússia.
Desde o dia 15 de fevereiro, o conflito na Líbia deixou milhares de mortos e provocou o êxodo de milhares de pessoas, segundo diversas agências da ONU.
Por sua vez, um juiz instrutor líbio anunciou nesta quarta-feira em Trípoli que 21 membros do CNT, órgão político da rebelião com sede em Benghazi (leste), serão julgados nas "próximas semanas" por um tribunal especial.
O presidente do CNT, Mustafá Abdel Jalil, e outros vinte membros desta instância, reconhecida como única representante legítima do povo líbio por mais de 20 países, figuram entre os acusados.
No âmbito diplomático, o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT, direção política da rebelião) anunciou na terça-feira em Ancara que os insurgentes tinham graves problemas financeiros.
O grupo de contato sobre a Líbia, integrado por todos os países participantes na campanha da Otan contra o regime de Kadafi, adiantou que os problemas financeiros da rebelião serão o tema central de sua quarta reunião, no dia 15 de julho em Istambul.
Dois dias antes, "o conselho da Otan (que reúne os embaixadores dos países da organização" realizará uma reunião informal com (o número dois da rebelião Mahmud) Jibril e com outros representantes do CNT (Conselho Nacional de Transição), declarou Rasmussen.
Segundo vários diplomatas, representantes do CNT também se reunirão com altos dirigentes europeus, começando pelo presidente da UE, Herman Van Rompuy.
A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, já se reuniu com um enviado do CNT em Bruxelas, mas não houve encontros deste tipo com dirigentes da Otan até o momento.